Uma mulher de 19 anos foi assediada pelo suposto gerente de um centro comercial para onde ela se estava a candidatar a uma vaga de emprego. Numa troca de mensagens por WhatsApp, em que ela procurava obter mais dados sobre a candidatura, e sobre uma possível entrevista de emprego, Tatiane de Souza foi surpreendida com um pedido, por parte do gerente, para que lhe enviasse fotos nua (nudes). A rapariga ainda quis perceber se só teria acesso à entrevista se enviasse as imagens, mas o homem, provavelmente consciente do erro que estava a cometer, tentou apagar de imediato as mensagens. Mas teve azar: Tatiana já as tinha gravado no telefone, e usou-as para processar o homem e o centro comercial. E ganhou.

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O caso aconteceu no Shopping Metropolitano Barro, na zona Oeste do Rio de Janeiro, Brasil. Tatiane de Souza estava à procura de um emprego fixo e encontrou no site do centro comercial uma área em que pediam pessoas para trabalhar. Candidatou-se, mas não obteve uma resposta rápida. Então, usou um contacto no site para enviar uma mensagem de WhatsApp, para tentar perceber se poderia ir a uma entrevista de emprego. E do outro lado obteve uma resposta. "Passe-me o seu nome completo, por favor". E assim começou a conversa, que rapidamente descambou quando o homem lhe pediu para enviar nudes. "A pessoa só se dá bem se mandar nudes, é isso?", perguntou a rapariga. "Só trabalha quem manda nudes ou faz o teste do sofá", respondeu o homem.

Segundo depois, o responsável do centro comercial começou a apagar as mensagens que tinha enviado, mas nessa altura já Tatiane tinha feito um print screen (cópia do ecrã) da conversa. E o passo seguinte foi processar o homem e o shopping.

conversa de WhatsApp

"Eu não estava à espera, ele apanhou-me de surpresa. Estava a conversar comigo, a marcar a entrevista, e do nada já me estava a pedir nudes", contou Tatiane ao site "G1", da Globo. "Foi muito rápido e de surpresa". Tatiane diz que só queria "trabalhar" e "conseguir aquela vaga no shopping". "Cadastrei-me como vendedora, era uma coisa nova para mim, o meu sonho. Fiquei muito abalada depois disso, estava a precisar daquele emprego".

Após o incidente, Tatiane de Souza fez queixa à polícia e processou o shopping, a loja e autor das mensagens. Segundo a advogada do centro comercial, que representa os acusados neste caso, "a empresa repudia qualquer forma de assédio ou conduta de importunação sexual contra as mulheres" e adota "protocolos preventivos" para que isso não aconteça, disse  Patrícia Monteiro. A administração do Shopping Metropolitano Barra disse também "repudiar qualquer tipo de assédio ou violência".

Estes argumentos não foram suficientes e os três acusados (o homem que escreveu as mensagens, a loja do centro comercial e o próprio shopping) foram condenados a pagar uma indemnização de 9 mil euros (50 mil reais) à mulher. Ainda não se sabe se irá haver recurso.