As autoridades chamam-lhe "Golpe das Nudes" e consiste num golpe para extorquir dinheiro a homens, que normalmente aparentam ter uma boa condição financeira. O esquema é relativamente simples, mas tem-se revelado muito eficaz. Tudo começa com uma mulher jovem a meter conversa com o homem pelas redes sociais, normalmente usando o Facebook ou o Instagram. Depois, ela pede para passarem a falar pelo WhatsApp. Segue-se uma conversa sedutora, que termina com a mulher a perguntar ao homem se quer que ela lhe envie fotos dela mais íntimas. Normalmente, a resposta é sim. A mulher envia então várias fotos nua para o homem. E é depois que entra o golpe, com algumas versões diferentes. A mais comum é aquela em que o homem é contactado, umas horas após o envio das fotos íntimas, por um outro homem que, exaltado, diz ser o pai da rapariga das fotos, com quem ele estava a falar por mensagens, dizendo que ela é menor de idade e que vai denunciá-lo à polícia pelo crime de pedofilia. A conversa é encaminhada no sentido de o homem poder impedir isso se compensar financeiramente a família da rapariga pelos danos que está a causar. E, assim, o pai não apresenta queixa. Os homens pagam. Há algumas variações do crime, mas a lógica é sempre a mesma.

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Um empresário brasileiro de Marília, na zona de São Paulo, foi uma das últimas vítimas, e perdeu perto de 44 mil euros com o "Golpe das Nudes". O homem começou por ser contactado por uma jovem pelo Facebook, que rapidamente levou a conversa para o WhatsApp. Depois veio a parte em ela enviou as fotos íntimas. E o telefonema do suposto pai. O impostor disse à vítima que a filha era menor e exigiu-lhe 2 mil reais (390€) como "compensação pelo enorme prejuízo familiar" causado por ele. E o homem pagou, revela o site G1, da Globo. Mais tarde, o homem voltou a ser contactado por alguém que dizia ser delegado de polícia e que tinha recebido uma denúncia contra ele. Também o falso delegado disse que o homem podia resolver aquilo já se pagasse uma indemnização de 16.800 reais (3200€). E ele pagou. Veio mais uma chamada a exigir um novo pagamento, como suborno, para o caso não ser denunciado publicamente. E o empresário foi pagando, até um total de 230 mil reais (pouco mais de 44 mil euros). E foi nessa altura que ele contactou as autoridades. Disseram-lhe, então, que ele era mais uma vítima da burla das nudes, que já tinha sido usada dezenas de vezes por vários burlões.

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Este esquema está altamente profissionalizado e já há vários vídeos e conversas modelo usados na burla. As vítimas normalmente recebem um áudio — é sempre o mesmo — do pai indignado ou do polícia a exigir o pagamento. Também há um vídeo que é enviado por WhatsApp onde se vê a mãe e o pai da suposta vítima a descobrir as fotos íntimas no telemóvel dela e a ficarem altamente perturbados com a situação. Uma vez mais, o vídeo é sempre o mesmo, e enviado a diferentes burlados.

Não há ainda registos deste crime em Portugal, mas tendo em conta a eficácia que regista no Brasil é muito provável que seja replicado em breve.