Aos 61 anos, uma mulher reformada de São Paulo foi burlada nas redes sociais. Depois de ter começado a conversar com um perfil falso em 2020, que acreditava pertencer ao ator norte-americano Johnny Depp, o dono da conta de Instagram extorquiu-lhe 208.400 reais (o equivalente a cerca de 40.697€).
Na altura em que a vítima foi roubada, o ator estava em tribunal com Amber Heard, a ex-mulher, devido à relação conturbada que mantiveram entre 2012 e 2016. Foi nesta época que Johnny Depp perdeu, no Reino Unido, um julgamento contra o jornal britânico "The Sun", que havia publicado um artigo em que o intitulava "espancador de mulheres", segundo a "BBC News".
Então, o julgamento serviu como mote para o autor do crime conseguir fazer com que a vítima lhe desse o dinheiro. De acordo com o processo, os depósitos foram realizados nos dias 30 de novembro de 2020 (15.000 reais), 1 de dezembro de 2020 (40.400 reais) e 7 de dezembro de 2020 (153.000 reais).
Embora, num primeiro momento, as conversas incidissem sobre "assuntos do quotidiano", a pessoa que se fazia passar pelo ator dava a entender que "precisava de dinheiro para o pagamento de condenações em processos nos quais estava envolvido", revelou Eduarda Tosi, advogada da vítima, citada pelo "UOL Notícias". Quem pôs fim às conversas com o burlão foi o filho da vítima, depois de este a ter questionado sobre as transferências – e foi aí que descobriu que a sua mãe havia sido burlada.
Mas como é que a reformada ajudou o impostor? Segundo as declarações que prestou, esta diz ter ter vendido um carro e uma casa para fazê-lo. O dinheiro foi transferido através do Banco do Brasil, tendo o montante caído numa conta que o falso Johnny Depp dizia ser de um "amigo brasileiro do seu advogado", diz a mesma publicação.
Para adensar a teia de mentiras, a vítima e o burlão ainda iniciaram um romance, que se fundamentou em promessas do criminoso "de levar a autora [do processo] para morar com ele", continuou a advogada, acrescentando que "a pandemia contribuiu para que ela acreditasse" em tudo o que foi abordado por ambos.
Em resposta a este episódio, a mulher abriu um processo contra o Banco do Brasil. Alavancada pela ideia de que a instituição permitiu que um burlão abrisse uma conta fraudulenta devido a "falta de manutenção e fiscalização", insistiu que este se tratou de um caso de "negligência".
O Banco do Brasil já se defendeu, alegando que os valores foram transferidos de "livre e espontânea vontade", não tendo interferido nas operações. "O prejuízo não foi causado pelo banco, mas em razão de acontecimentos que escapam ao seu poder", afirmou a defesa do Banco do Brasil. A juíza Clarissa Alves rejeitou a acusação contra o banco, mas a vítima ainda pode recorrer.