A notícia tornou-se viral esta terça-feira, 30 de maio, depois de um homem ter sido espancado por três funcionários da EMEL no centro de Lisboa, em plena Avenida da República. Mas agora é a vítima quem vem contar tudo o que se passou na passada segunda-feira, 29. Hélder M., de 35 anos, explicou em detalhe o que se passou até ter ido parar ao hospital, onde acabou com lesões na cabeça, o nariz partido e sem um dente.
"Eu parei numa entrada/saída de um garagem. Não era sequer uma zona de parquímetro. Na zona em frente é que há um sinal a dizer que nos lugares seguintes é que é proibido estacionar e parar", começou por contar o homem, citado pelo "Jornal de Notícias". Foi nesse momento em que estava parado, com o carro ligado e com os quatro piscas, e enquanto aguardava pela mulher, que trabalha ali ao lado, que passou um funcionário da EMEL, de mota. Parou, dirigiu-se a Hélder e disse-lhe que ele tinha de tirar dali o carro. E começou a discussão. Hélder explicou que estava "de quatro piscas e com o carro ligado", e que estava só à espera da mulher, que estaria a descer. Mais: disse ao funcionário da EMEL que não estava num local de estacionamento da EMEL, logo, ele não tinha qualquer autoridade para atuar ali. A discussão subiu então de tom, com palavras menos simpáticas de parte a parte. "Ele disse que ia autuar-me e eu respondi-lhe que ia chamar a Polícia. Foi neste momento que um outro funcionário, que seguia atrás numa carrinha da EMEL acompanhado, se aproximou de mim e encostou a cabeça à minha testa e começou a injuriar-me. Disse-lhe que a conversa não era com ele e levei um soco. Caí redondo no chão. Tentei fugir e levei porrada de três fiscais. Até que os populares conseguiram-me tirar de lá", conta Hélder, em conversa com o "JN".
Depois de ser agredido de forma "bárbara", como considerou, Hélder foi transportado para o Hospital de São José, em Lisboa, onde entrou com o septo nasal partido e sem um dente. Saiu do hospital já depois das 21 horas, mas ainda não sabe se terá de ser operado ao nariz.
"Comportamento inaceitável", diz Moedas
Quem não aceita o que se passou e quer apurar todas as consequências do caso é o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas. O autarca, em declarações à TSF, diz que as agressões "não poderiam ter acontecido". "Já pedi a abertura de um inquérito para ver e apurar exatamente o que se passou, mas estas situações não podem acontecer. A minha visão política para a EMEL não é uma visão punitiva para as pessoas, mas sim trabalhar com elas para soluções de estacionamento. Portanto, este comportamento, se assim foi, é inaceitável para uma empresa pública e, portanto, as consequências serão retiradas", afirmou.