Bruno Pereira, conhecido nas redes sociais como "tio Bubu", foi preso pela Polícia Judiciária em Setúbal. Acusado de matar um homem de 27 anos depois de o ter drogado (e de lhe ter provocado uma overdose fatal), terá cometido o mesmo crime com mais vítimas.
O homem de 32 anos já era uma cara conhecida nas redes sociais, uma vez que entrava muitas vezes em direto — inclusive com José Castelo Branco, assim como nota o "Dioguinho". Na noite de São Valentim, "tio Bubu" terá atacado um homem numa discoteca em Lisboa.
Na manhã de 15 de fevereiro, os vizinhos encontraram um cadáver nas escadas do prédio onde "tio Bubu" morava, em Setúbal. O homem, desfalecido perto da porta de casa de Bruno Pereira, estaria de braços abertos e descalço, como relata o "Correio da Manhã". A autópsia confirmou que ingeriu substâncias dopantes.
A vítima mortal
A morte terá sido causada por insuficiência cardíaca. A vítima, que também se chamava Bruno, terá sido drogada com uma dose excessiva de produto estupefaciente sintético, conhecido como GHB ("droga do amor" ou "droga da violação"), refere o "Observador".
Bruno Pereira drogava as vítimas com o intuito de lhes roubar dinheiro, bens pessoais e cartões bancários. Este caso não foi exceção. O homem conhecido como "tio Bubu" mantinha um relacionamento com a vítima com esse mesmo intuito, de acordo com o "Observador".
O suspeito de 32 anos está "fortemente indiciado pela prática do crime de roubo, agravado pelo resultado morte", expressa um comunicado da PJ, e já admitiu ter drogado mais homens com quem se encontrou durante engates "gay", afirma o "Diário do Distrito".
A prisão
Bruno Pereira foi detido em direto nas redes sociais. A conversa que manteve com os inspetores da Polícia Judiciária terá sido audível, menciona o "Correio da Manhã", que acrescenta que o suspeito, que estava completamente descontrolado e sob efeito de drogas, negou ter feito mal ao homem que estava morto.
O mesmo jornal revela que "tio Bubu" estava "muito nervoso" quando entrou no Estabelecimento Prisional (EP) de Setúbal, para começar a cumprir a medida de coação de prisão preventiva. Quando soube da decisão do juiz de instrução criminal, Bruno Pereira deixou um aviso ao advogado.
Terá dito que conhecia muitos reclusos de quem alegou ter medo por o terem discriminado ou agredido por ser homossexual. Acabou por pedir proteção na cadeia, argumentando que temia pela própria vida e que estaria a ser alvo de ameaças. A proteção foi-lhe concedida, pelo que estará a ser alimentado na cela e não conviverá com outros reclusos.
O historial
Outro homem que também terá sido vítima do "tio Bubu" deu o seu testemunho ao "Correio da Manhã". Terá sido drogado numa discoteca com a mesma substância, ao beber de um copo, e vítima de tentativas de violação. Recorda-se de se sentir "muito estranho", de acordar mal disposto num TVDE e de ter vomitado.
"Convidou-me para sair, depois de termos conversado várias vezes. Tínhamos vários gostos em comum e eu pensei que era apenas uma noite de diversão. Deu-me uma água para beber que também devia estar contaminada. Voltei a desmaiar e já acordei na cama dele", disse o homem de 26 anos.
Bruno só terá conseguido beijos forçados. A alegada vítima reparou em muitas drogas no quarto e também na existência de seringas. Ao contrário da vítima cujo cadáver foi encontrado a 15 de fevereiro, esta conseguiu fugir e bloqueou o suposto agressor em todo o lado.
"Na altura apresentei queixa, mas o caso não foi para a frente. É triste que tenha sido preciso morrer alguém para que o Bruno tenha sido preso. Mas foi tudo tão assustador que durante meses me fechei em casa e afastei-me dos amigos. Foi um choque muito grande", comentou.
A ligação a José Castelo Branco
José Castelo Branco também prestou declarações ao CM, tendo esclarecido que conheceu "tio Bubu" nas redes sociais. "O Bruno foi um bom 'entertainer' durante um tempo. Eu comecei a ter uma relação de amizade com ele, porque me parecia ser uma pessoa muito correta", adiantou.
"Ele dizia-me: 'Eu sou segurança, eu posso fazer a sua segurança quando estiver em Portugal', e ele tinha graça. Para aí no segundo ou terceiro telefonema, ele não faz mais nada: estava todo nu e começa-se a masturbar à minha frente", relata o socialite.
"Começou a beber champanhe, no fundo era um bocado ‘show off', para mostrar que estava, digamos, ao nível do champanhe e do caviar. A seguir, começou a cheirar e ele assumia que era droga. Foi nessa altura que uma amiga me avisou: 'Ó Zé, cuidado! Cuidado, porque ele fez sexo ao vivo. Fez sexo em frente às câmaras!' E eu fiquei em choque", prosseguiu.
"Perguntei-lhe o que fazia da vida e ele disse-me: 'Ó Zé, eu sou segurança e trago umas pessoas que vêm do Brasil e que vão depois para Espanha'. E eu fiquei assim: ‘O quê? Isso para mim é proxeneta'", concluiu o socialite, que admite a hipótese de Bruno Pereira estar envolvido numa rede de prostituição. Nesta fase, terá cortado relações.
O passado
Bruno Pereira foi adotado aos quatro anos. Cresceu uma criança triste e foi acompanhado na infância por psicólogos e pedopsiquiatras, segundo informa o CM. Aos 12 anos perdeu o pai e aos 14 anos foi diagnosticado com bipolaridade. Terá começado a consumir droga aos 20 anos.
A relação com a mãe foi piorando. A progenitora de Bruno chamou várias vezes a polícia a casa de Bruno. Garantia que o filho não era violento com ela, mas que, quando se descontrolava, partia tudo e deixava de saber o que fazia.
Bruno Pereira chegou a estar internado compulsivamente. Mais recentemente, e assim como diz o "Correio da Manhã", vivia para o TikTok. O vício era tal que chegava a gravar vídeos durante mais de 24 horas, ficando sem dormir, tornando-se barulhento e perturbando os vizinhos.