Estávamos em meados de 2018 quando Femke Halsema se tornou na primeira mulher a assumir o cargo de presidente da câmara de Amesterdão. Na altura, prometeu combater a humilhação a que as mulheres estão sujeitas diariamente por parte dos turistas que visitam o Red District Light, conhecido como o bairro do sexo da cidade. Para isso, propôs tapar as janelas das casas de sexo onde as prostitutas estivessem.
Agora, e menos de um ano após a proposta da antiga líder do partido Esquerda Verde, Femke Halsema quer não só reduzir o número de comerciantes de canábis na cidade, mas também impedir que a substância possa ser vendida a turistas.
A medida decorre de um novo inquérito que, realizado no centro da cidade, tentou saber junto de vários visitantes se teriam interesse em regressar a Amesterdão se não pudessem comprar canábis nas lojas especialmente dedicadas a isso mesmo. Segundo escreve o jornal britânico "The Guardian", um terço dos inquiridos e quase metade de turistas britânicos revelaram que não voltaria se não pudessem comprar a substância nas coffee shops.
Ainda que as coffee shops licenciadas estejam, pelo menos por enquanto, autorizadas a vender canábis, a produção da substância é ilegal — o que tem levado a que muitos proprietários façam o negócio por meios ilícitos e a favor de várias organizações criminosas.
Na proposta submetida para aprovação, Femke Halsema diz que é "necessária uma separação clara dos mercados de drogas leves e pesadas, muito devido ao aumento do tráfico de drogas pesadas."
A nova discussão surge num contexto em que a cidade se vê a braços com a problemática do turismo excessivo ao registar, anualmente, cerca de 17 milhões de visitantes quando apenas existe cerca de 1 milhão de habitantes contabilizados.
A nova medida, que deverá ser submetida para discussão nas próximas semanas, é proposta numa altura em que todas as visitas guiadas ao Red District Light vão ser proibidas a partir de 1 de abril para evitar o fluxo turístico na zona.
Em caso de transgressão, a coima estabelecida por lei começa nos 190€.