A maratonista Rebecca Cheptegei, que participou nos Jogos Olímpicos de Paris, morreu na sequência do que está a ser descrito pela imprensa ugandesa como "um grave episódio de violência doméstica". A morte da atleta de 33 anos foi confirmada na rede social X pela Federação de Atletismo do Uganda. "É com profunda tristeza que anunciamos a morte da nossa atleta, Rebecca Cheptegei, na manhã desta quinta-feira, vítima trágica de violência doméstica. Como federação, condenamos tais actos e pedimos justiça, que a sua alma descanse em paz".

De acordo com a BBC, Rebecca sofreu queimaduras graves após ter sido regada com gasolina e incendiada pelo namorado. No domingo, 1 de setembro, a atleta terá sido perseguida após regressar da missa, avançam as autoridades da região no noroeste do Quénia, onde Cheptegei residia. O casal estaria, alegadamente, a disputar um terreno. De acordo com o jornal queniano "The Star", a atleta tinha dois filhos. Era casada mas estava separada do marido e mantinha atualmente uma relação com Dickson Ndiema, autor do crime.

O homem está internado com queimaduras mas está estável. "O casal foi visto a discutir no exterior da casa. Durante a altercação, o namorado foi visto a deitar um líquido sobre a mulher antes de lhe pegar fogo", disse o chefe da polícia local Jeremiah ole Kosiom. Segundo o "Daily Mail", Rebecca ficou com 80% do corpo queimado, tendo morrido na sequência de falência múltipla de órgãos.

A violência de género é um problema grave no Quénia e tem sido alvo de escrutínio por parte de organizações internacionais como as Nações Unidas. Só em 2023, morreram 75 mulheres, a maioria às mãos de companheiros ou ex-companheiros, uma tendência que está em crescimento.

“A realidade chocante é que pelo menos 10 mulheres foram mortas no primeiro mês de 2024, o que só intensifica uma tendência perturbadora", afirma Mary Njeri, analista de violência de género da ONU Mulheres.