Adèle Exarchopoulos, atriz francesa que ficou bastante conhecida por se tornar a pessoa mais jovem de sempre a ganhar o prémio de maior prestígio do Festival de Cinema de Cannes, o Palma de Ouro, por protagonizar o filme “A Vida de Adèle”, lançado em 2013, deu recentemente uma entrevista onde falou sobre a experiência, e confessou que não foi a mais agradável. Citada pela revista brasileira "Monet", a atriz, que na altura tinha 20 anos, contou que ficou traumatizada com as cenas mais íntimas que teve de fazer para o filme, e que, a partir daquele momento, começou a impor certos limites nas gravações.
Na altura, Adèle Exarchopoulos interpretou a personagem principal Adéle, uma rapariga de 15 anos que descobre, na cor azul dos cabelos de Emma (daí o filme ter também a tradução para “Azul é a Cor Mais Quente”), interpretada por Léa Seydoux, a sua primeira paixão por outra mulher. No entanto, apesar de ter sido a primeira experiência da atriz francesa neste registo, Adèle Exarchopoulos confessou que não foi fácil trabalhar com Abdellatif Kechich, realizador de “A Vida de Adèle”, e que ficou bastante traumatizada com as cenas sexuais pedidas.
"As gravações eram humilhantes a e algumas vezes sentia-me como uma prostituta. O diretor Abdellatif Kechiche usava três câmaras, e quando precisas de fingir um orgasmo por seis horas... Não dá para dizer que não foi nada. O difícil para mim era mostrar mais os meus sentimentos do que o corpo", disse a atriz, que também explicou como funcionavam as filmagens na altura. "Quando estávamos a gravar, percebi que ele realmente queria que entregássemos tudo. A maioria das pessoas nem ousa pedir as coisas que ele pediu, e elas também conhecem melhor o termo ‘respeitar’”, disse a atriz.
Além disso, Adèle Exarchopoulos também falou sobre como as cenas sexuais eram robóticas, e que sentia que tinha de ter a mente fora do seu corpo para as conseguir realizar. “As cenas de sexo são coreografadas, o que deixa o ato menos sexualizado. Tens que estar fora do corpo", confessou. A atriz francesa disse ainda que ninguém sabia ao certo quando é que as filmagens iriam acabar, e que Abdellatif Kechiche pressionou as atrizes por mais três meses, depois do fim das gravações. Depois do trauma com que a Adèle Exarchopoulos ficou, a atriz prometeu a si mesma que não ia passar pelo mesmo no futuro.
Devido a essa mesma barreira é que a atriz francesa decidiu falar novamente sobre o filme, 10 anos depois do seu lançamento. Adèle Exarchopoulos é uma das protagonistas da mais recente produção “Passagens”, realizado por Ira Sachs, que conta a história de um casal homossexual que se vê prestes a acabar depois de Thomas (Franz Rogowski) se envolver com uma mulher e começar a nutrir sentimentos por ela.
Quando soube que estariam envolvidas cenas mais íntimas entre ela e Rogowski, Adèle Exarchopoulos falou com o realizador e impôs os seus limites. "Falei que não tinha e não tenho problemas com cenas de sexo, mas não quero que as pessoas vejam o meu corpo como viram antes. Então encontrámos outro caminho. Ira não estava interessado em ver os meus seios e o meu corpo", comentou, referindo-se à sua passagem em “A Vida de Adèle”.