A população brasileira foi às urnas, este domingo, dia 2 de outubro, para votar no presidente que irá comandar o país, bem como nos governadores, senadores, deputados federais e estaduais. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Partidos dos Trabalhadores) e o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (Partido Liberal) foram os mais votados — Jair Bolsonaro com 43,3% e Lula da Silva com 48,39%. Os candidatos irão disputar a segunda volta pela corrida presidencial a 30 de outubro. 

Após a divulgação dos primeiros resultados, o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro diz que as “mudanças no país podem vir para pior”. Entendo que há uma vontade de mudar por parte da população, mas tem certas mudanças que podem vir para pior”, disse o candidato, em declarações aos órgãos de comunicação social.

Procurando apoios para a segunda volta, o incunbente mostrou-se aberto a conversar com os candidatos que não ficaram pelo caminho, Simone Tebet e Ciro Gomes. “As portas estão abertas para conversar (...) acho que os eleitores deles [Simone e Ciro] são muito mais simpáticos a mim do que ao outro lado”, acrescentou. 

Lula chega à segunda volta com o apoio de nove partidos políticos e promete “começar amanhã” a corrida presidencial. “Então, é o seguinte: a partir de amanhã tem campanha (...) nós vamos ter que viajar mais, vamos ter que fazer mais ato público, mais comício, mais debate. Vamos ter que conversar mais com as pessoas e vamos ter de convencer a sociedade brasileira daquilo que nós estamos propondo”, afirmou o ex-presidente após os resultados eleitorais, citado pela CNN Brasil. 

Lula da Silva ganhou em 14 estados e Jair Bolsonaro em 12, sendo que o ex-presidente teve mais apoio nos estados do nordeste e o candidato à reeleição, com adesão em todos os estados do sul e centro-oeste. Em terceiro lugar ficou Simone Tebet (Movimento Democrático Brasileiro) com 4,2% dos votos e em quarto, Ciro Gomes (Partido Trabalhista Democrático) com 3% dos votos. A votação neste domingo teve o menor número de votos brancos e nulos desde 2006, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Já as abstenções mantiveram uma média semelhante às eleições anteriores, na ordem dos 21%.

E agora?

Com 99,86% das urnas apuradas, nem Lula da Silva nem Jair Bolsonaro obtiveram maioria, ou seja, nenhum dos dois obteve mais de 50% dos votos válidos. No dia 30 de outubro irão disputar a segunda volta, mas antes os candidatos irão fazer campanha pelo Brasil.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as campanhas começam nesta segunda-feira, 3 de outubro, às 17 horas (horário do Brasil), 24 horas após o encerramento da votação do primeiro turno. Os candidatos podem lutar pelo voto em campanhas, até o dia 28 de outubro. Ambos vão viajar para angariar apoios: Lula da Silva já afirmou que irá começar hoje, segunda-feira, dia 3, e Jair Bolsonaro revelou só ter “um plano traçado terça-feira”. 

É no dia 30 que a população brasileira irá decidir entre Lula da Silva, do partido que governou o país durante 14 anos, somando os governos de Lula e Dilma Rousseff, ou a continuidade do governo Bolsonaro, iniciado em 2018. O candidato eleito na segunda volta irá tomar posse no cargo, no dia 1 de janeiro de 2023.

No Brasil, segundo o TSE, as eleições foram “tranquilas e harmoniosas”. Alexandre Moraes, o Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, citou a ocorrência de problemas comuns em dias de votação, como filas um pouco maiores na hora do almoço. 

Em Portugal, os residentes brasileiros fizeram longas filas, em Lisboa e no Porto, para decidir o futuro do país. Em Lisboa, às 5 da manhã cidadãos brasileiros já faziam filas compactas e enormes na Faculdade de Direito de Lisboa, com direito a cânticos animados. Alguns residentes queixaram-se da falta de organização, num país com uma comunidade brasileira tão grande. Existem 209.072 cidadãos brasileiros a viver legalmente em Portugal, de acordo com dados divulgados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, citados pelo diário brasileiro "Folha de S. Paulo"

No Porto as filas foram igualmente grandes, com uma fila de espera superior a duas horas. A música e a vontade de votar disfarçaram, mas também existiram queixas.