Os crimes de Jeffrey Dahmer, o norte-americano que foi condenado pela morte de 17 homens e rapazes entre 1978 e 1991, bem como a história de um dos assassinos em série mais infames dos Estados Unidos, são retratados na mais recente produção de Ryan Murphy, a série da Netflix “Dahmer – Monstro: A História de Jeffrey Dahmer” , que chegou à plataforma de streaming a 21 de setembro.

Homem corta pescoço à mulher com uma garrafa no meio de rua de Odivelas. Há vídeos do crime na net
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Com 10 episódios (todos disponíveis na Netflix), a produção — que está em primeiro lugar no top português e também no top global da plataforma de streaming, com mais de 196 milhões de horas visualizadas — recorda momentos marcantes da vida de Jeffrey Dahmer (interpretado pelo ator Evan Peters), que acabou assassinado na prisão onde cumpria 16 penas de prisão perpétua por Christopher Scarver, recluso no mesmo estabelecimento prisional no estado do Wisconsin, Estados Unidos.

Dahmer
Dahmer Evan Peters como Dahmer na série da Netflix créditos: Instagram

Scarver matou Dahmer em 1994, depois de espancar o serial killer até à morte com uma barra de metal. Numa entrevista ao "New York Post" em 2015, Christopher Scarver, na altura com 45 anos, recordou como Jeffrey Dahmer era conflituoso na prisão. "Ele passava a linha com algumas pessoas — reclusos, funcionários da prisão. Assisti a muitas interações tensas entre ele [Dahmer] e outros reclusos", disse na mesma entrevista.

Veja uma entrevista de Jeffrey Dahmer sobre os seus crimes

Apesar de representar um papel crucial na morte do assassino em série, Scarver afirmou na mesma conversa que nunca interagiu com Dahmer e que mantinha distância deste, dado que não queria tornar-se o alvo do sentido de humor doentio de Jeffrey.

Dahmer foi espancado até à morte na prisão

Mas o dia 28 de novembro de 1994 mudou totalmente o cenário quando Scarver ficou no ginásio da prisão com Dahmer e um terceiro recluso, Jesse Anderson. Incomodado com os crimes cometidos por Jeffrey Dahmer — que chegou a admitir ter comido a carne de algumas das suas vítimas —, Christopher Scarver guardava um artigo de jornal no bolso sobre os homicídios. Nesse mesmo dia, os três reclusos estavam a limpar os balneários do ginásio, sem algemas e sem estarem a ser controlados por guardas prisionais para realizarem as tarefas.

Foi nesse momento que Scarver sentiu alguém bater-lhe nas costas. "Olhei para trás, os dois estavam a rir-se e não consegui perceber qual é que me tinha batido", recordou o recluso, que acabou por pegar numa barra de metal, usada para levantar pesos, do ginásio e confrontou Dahmer acerca dos seus crimes, retratados no artigo de jornal que tinha consigo.

"Perguntei-lhe se tinha feito aquelas coisas, porque estava mesmo enojado. Ele ficou em choque, começou à procura da porta rapidamente, mas bloquei-o", disse Scarver na entrevista ao jornal norte-americano. "Acabou morto."

Scarver
Scarver Christopher Scarver, assassino de Dahmer créditos: Twitter

Depois de espancar Dahmer até à morte, Christopher Scarver foi até ao balneário onde Jesse Anderson, condenado pela morte da mulher, estava a trabalhar. "Ele parou por um segundo e olhou à volta. Estava a ver se encontrava ali guardas. Não havia nenhum. Acabou por acontecer a mesma coisa", recordou o recluso ao "New York Post", que não negou nenhum destes dois crimes.

Atualmente com 53 anos, Christopher Scarver está a cumprir três penas de prisão perpétua no Colorado, e acredita que não foi por acaso que acabou naquele local sozinho com Jeffrey Dahmer em novembro de 1994, e acusa os guardas de quererem o assassino em série morto. "Eles tiveram algo que ver com o que aconteceu", salientou na mesma entrevista, recordando que os guardas prisionais desapareceram do local antes do ataque ter lugar.

Numa entrevista anterior à CNN, em 2014, o filho de Scarver, que partilha o nome com o pai, focou o mesmo ponto e acredita que este foi incriminado pelos guardas prisionais. "Penso nisso a toda a hora. Até me questiono se ele fez mesmo isso [assassinou Dahmer e Anderson]", referiu, à época.

Família das vítimas está contra a série

“Dahmer – Monstro: A História de Jeffrey Dahmer” já é um sucesso na Netflix e tem-se mantido nos tops das tendências, tanto globais como em Portugal. Mas, nas redes sociais, há quem não aguente o teor da narrativa — que retrata muitos dos atos e crimes de Jeffrey Dahmer — e acabe por desistir da série depois de ficar altamente perturbado e até sem dormir.

Por outro lado, familiares das vítimas do assassino em série também já se pronunciaram sobre a produção da Netflix, apelidando-a de "retraumatizante".

Numa publicação no Twitter, Eric Perry, primo de Errol Lindsey, assassinado aos 19 anos por Dahmer em abril de 1991 depois de este fazer um buraco no crânio do jovem e tê-lo mantido vivo para despejar ácido no interior do seu corpo (posteriormente, Dahmer matou Errol depois de este já estar num estado vegetativo, decapitou-o e livrou-se do corpo), falou sobre a série.

"Não vou dizer a ninguém o que ver, sei que o género crime real é gigantesco, mas se estão realmente curiosos sobre as vítimas, a minha família está lixada com esta série", publicou Eric Perry na rede social. "É retraumatizante vezes sem conta, e para quê? De quantos filmes, série e documentários é que precisamos?", concluiu.