A estátua do navegador português Gaspar Corte-Real localizada em St. John's, no este do Canadá, poderá vir a ser retirada do local. A informação foi revelada este domingo, 14 de junho, pelo primeiro-ministro da província, Dwight Ball, aos órgãos de comunicação social.

Em causa está o facto de vários grupos locais que vivem na mesma localidade acreditarem que o navegador português terá, durante a sua expedição em 1501, escravizado e enviado 57 indígenas para a Europa. Apesar disso, o governante garante que não sente pressão direta para retirar a estátua depois de, um pouco por todo o mundo, serem já várias as estátuas vandalizadas. No entanto, diz que irá "lançar uma revisão sobre essa hipótese e outras estruturas com uma história questionável", adianta o jornal "Observador", citando a Lusa.

 "Vamos analisar alguns factos. Este processo vai necessitar de envolver o público, sem dúvida. Temos um bom mecanismo em vigor para chegar às pessoas na Terra Nova e Labrador”, refere Dwight Ball.
Mas o governante adiantou que esta revisão histórica de alguns dos monumentos na região não se vai limitar apenas à do navegador português. "Há vários monumentos que se veem a ver ao longo da província e que não refletem o que somos hoje. Temos de estar abertos a uma mudança, fazendo-o trabalhando com as autoridades, grupos públicos, historiadores e com o próprio governo — através da pesquisa e da análise. Estamos preparados para a mudança", acrescentou.
A estátua de Corte-Real está localizada em frente ao parlamento provincial de Terra Nova e Labrador desde meados de 1965, altura em que Portugal a doou à região como "agradecimento pela hospitalidade" daquela localidade aos pescadores portugueses.

A notícia surge numa altura em que, um pouco por todo o mundo, se tem gerado uma grande contestação quanto à presença de estátuas de figuras ligadas à escravatura depois do homicídio de George Floyd, que morreu sufocado com um joelho de um polícia branco no pescoço.