Os concursos de beleza feminina são uma tradição centenária nos Estados Unidos, tendo o primeiro sido realizado em 1921. Desde então, a ideia espalhou-se pelo território norte-americano (e pelo mundo), pelo que existem competições deste género em várias cidades de estados diferentes, como é o caso do concurso Miss San Francisco, onde acabou de acontecer um feito histórico: pela primeira vez, a vencedora foi uma mulher transgénero.
Monroe Lace, que tem 25 anos e estudou na University of California Los Angeles, é apenas a segunda mulher transgénero a vencer uma competição local e uma das poucas vencedoras LGBTQIA+ deste concurso em todos os Estados Unidos. E, além de querer ser uma referência para meninas mais novas, também quer transmitir a mensagem de que, independentemente de biologicamente ter nascido com um sexo diferente, é uma mulher completamente normal.
"Acho que o meu trabalho enquanto Miss San Francisco é mostrar às pessoas que sou igual a toda a gente", disse, citada pelo "The San Francisco Standard". "Sempre que visto a faixa, o peso dela relembra-me da importância do meu trabalho, da responsabilidade que tenho de fazer a diferença para as crianças", continua, citada pelo "Newsroom".
Há ainda muitos concursos de beleza locais nos Estados Unidos que proíbem explicitamente participantes transgénero, mas o Miss America e respetivos eventos oficiais já não o fazem, de acordo com a "Into". Há apenas um requisito, que passa pelo facto de o género feminino constar na certidão de nascimento das concorrentes – algo que Monroe Lace teve de alterar. Contudo, esta não é a regra em todas as competições, pelo que ainda há estados que põem entraves à participação desta comunidade de mulheres.
Para Lace Monroe este é um feito extraordinário, uma vez que teve uma vida conturbada, tendo até já sido sem-abrigo. No início de julho, participou no concurso Miss California, ainda que não tenha vencido, mas continua a dar voz pelas suas causas, algo que tem gerado uma onda de contestação nas redes sociais.
A jovem diz já ter recebido inúmeros comentários de ódio no Instagram. Estes vêm, geralmente, de pessoas que se opõem à sua participação nos concursos desta que é uma das instituições americanas mais antigas, já que defendem uma visão tradicional e conservadora do que significa ser mulher.