Júlia Del Bianco, a bailarina que empodera, começou a frequentar aulas de dança com três anos de idade, e aos seis anos integrou uma academia. Nunca mais parou de dançar depois disso. Hoje, é uma inspiração para os mais de 100 mil seguidores no Instagram e contou a sua história em entrevista ao “Estadão”.

É natural de Limeira, São Paulo, no Brasil. Júlia tem 35 anos e é licenciada pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Olhando para trás, a bailarina reflete: “Eu não tinha o corpo 'adequado' e hoje em dia eu olho e vejo que eu tinha um corpo magro, mas para aquela época eu já era considerada muito gorda”.

Ao longo do seu percurso, Júlia sentia que recebia um tratamento diferente das suas colegas. Os professores chamavam-na à parte para dizerem que a aluna tinha de perder peso e tinha de ter as roupas feitas à mão para si, por não lhe servirem as de loja.

A bailarina expressa que estas e outras situações a deixavam a sentir-se inadequada, mas não conhecia ainda a ideia de gordofobia. “Eu não tinha consciência. Achava que era ruim a situação, mas achava que a pessoa estava certa”, lamenta. Conta até que se “colocava naquele lugar de 'eu sou preguiçosa mesmo, eu tenho que tomar vergonha na cara e emagrecer'”, cita o “Estadão”.

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Quando percebeu que “mesmo fazendo tudo [para manter o corpo ideal], ainda não era suficiente”, começou a explorar o mundo online de modelos com excesso de peso que espalham positividade sobre os seus corpos com cada partilha, e aí viu a importância de se rever em alguém e de desconstruir o tema. “Porque eu era considerada a errada, a doente, tudo de ruim e às vezes minha colega que era magra que tinha uma alimentação péssima era considerada certa”, apontou.

Atualmente, Júlia Del Bianco tem mais de 100 mil seguidores no Instagram, onde une o seu amor à dança com a moda e representa uma referência para milhares de meninas que passam pelo mesmo. “Eu via que as meninas que eram fora do padrão viam em mim um espelho e isso melhorou muito a autoestima delas”, reconhece a bailarina.

“Poder ser o exemplo que eu nunca tive, poder incentivar uma criança, um adolescente, um adulto a fazer uma aula de ballet ou até correr atrás de algo que queria e achava que não podia, isso é muito recompensador para mim”, conclui.