Era uma das notícias mais esperadas: com várias farmacêuticas na corrida para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus SARS-CoV-2, foi a Pfizer, em parceria com o laboratório alemão BioNTech, que anunciou primeiro os melhores resultados.

Já na terceira fase de ensaios clínicos, os resultados preliminares dão conta de uma vacina com eficácia de mais de 90% na prevenção da doença — resultado bastante promissor, tendo em conta que a Food and Drug Administration (FDA) só exige uma taxa de eficácia de 50% e tendo em conta também que as vacinas contra a gripe na prevenção da infecção não têm mais do que 60% de eficácia.

Susana Castro Marques, diretora médica da Pfizer em Portugal, já veio a público  dizer que a produção de anticorpos provocada por esta vacina será três vezes superior àquela que é produzida por pessoas infetadas que recuperaram.

A vacina que ataca os espigões deste vírus — ou seja, as suas proteínas — revelou ainda ser segura, sem efeitos secundários graves. Depois de quatro versões, esta é a que tem menos efeitos colaterais. Mas e quais é que foram os efeitos que alguns dos 44 mil voluntários que participaram na investigação sentiram?

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Efeitos semelhantes à vacina contra a gripe: Carrie, 45 anos, natural do Missouri, nos Estados Unidos, está confiante de que recebeu uma dose de vacina real — a 50% foi dado placebo e aos restantes mesmo a vacina. A primeira foi tomada em setembro e a última já este mês. Relatou dores de cabeça, febe e dores no corpo, fazendo mesmo a comparação da vacina contra a gripe, conta o "The Mirror". Disse que os efeitos da segunda infecção foram mais fortes, face à primeira.

O relato de Glenn Deshields, natural do Texas, foi mais simples: comparou o efeito secundário a uma "forte ressaca". Com 44 anos, relatou que marcou de seguida um tese de anticorpos, que deu resultado positivo, o que lhe terá confirmado que não terá recebido o placebo.

Apesar do bom prognóstico, a Agência Europeia de Medicamentos vão avaliar em permanência as consequências da nova vacina. Os participantes serão monitorizados ao longo de dois anos.

Segundo a Pfizer, há planos para que, até ao final do ano, entre 30 a 40 milhões de doses de vacina estejam prontas, número capaz de proteger entre 15 a 20 milhões de pessoas — uma vez que são necessárias duas injeções, administradas com intervalo de três semanas. Afirma ainda que poderá garantir a produção de 1,3 milhões de doses anuais.

Continuando a correr bem os ensaios clínicos, é possível que a Pfizer venha a solicitar uma autorização de emergência já na próxima semana para a produção da vacina. Negociações com a União Europeia apontam para a entrega de 200 milhões de doses — e mais 100 milhões assim que for aprovada.

Os ensaios clínicos terminam quando 164 voluntários forem infetados com o vírus, para que os resultados deste teste possam ser minunciosamente avaliados.