Em Cajazeiras, uma cidade do da Paraíba, Brasil, há três famílias que estão em alvoroço. Isto tudo porque três mães chegaram à conclusão de que as respetivas filhas haviam sido trocadas umas com as outras na maternidade em que nasceram. E foi tudo descoberto por um mero acaso, quase 30 anos depois de tudo acontecer.
Vamos por partes que isto dava para uma série com várias temporadas. De acordo com uma reportagem da Globo, Milena, Raylane e Marcelma nasceram a 5 de agosto de 1994, na maternidade Dr. Deodato Cartaxo, pertencente ao Hospital Regional de Cajazeiras. A primeira foi levada para casa por Luísa, a segunda por Marlucy e a terceira por Maria de Fátima – e nenhuma pertencia, efetivamente, à família a que acabava de chegar.
Mas as suspeitas de que teria havido uma troca tripla só chegaram em janeiro deste ano, quando Raylane, atualmente com 28 anos e a viver em Nova Iorque, Estados Unidos, teve a curiosidade de descobrir mais sobre a sua ancestralidade, através de um serviço utilizado para o efeito. Isto é, a empresa a que recorreu, através de uma amostra de ADN, utiliza um banco de dados com informações genéticas das pessoas de todo o mundo e, cruzando-os, consegue localizar os possíveis parentes desconhecidos.
Os resultados do teste de Raylane encontraram alguém com uma compatibilidade genética bastante elevada: Lennon Carvalho, um homem de 30 anos que vivia na Irlanda e que a plataforma reconhecia como seu irmão. Depois de conversarem através do chat do site, perceberam que Lennon tinha uma irmã mais nova, Milena, nascida no mesmo dia – e, à partida, esta seria a solução para a troca.
Mas não foi isso que aconteceu e a situação só se complicou, depois de as famílias terem sido submetidas a testes de ADN. Isto porque, apesar de os exames terem confirmado que a jovem era efetivamente filha biológica de Luísa, o mesmo não se podia dizer de Milena e Marlucy, a mulher que levou Raylane para casa em 1994. Isto significava que havia outra mãe (e outro bebé) nesta troca.
Raylane e Michele, a sua irmã biológica, também filha de Luísa, começaram a fazer pesquisas, com o objetivo de tirar a situação a limpo. Por isso, pediram a amigos para identificarem nas suas redes sociais quem é que poderia ter nascido no mesmo dia que ela e Milena. Foi assim que encontraram Marcelma, uma moradora da zona rural de Cajazeiras, cuja história batia certo com a das outras duas mulheres – e que, inclusive, se afastou da suposta mãe, Maria de Fátima, por ter sempre ouvido dizer que não era filha dela.
Após a realização de um teste de ADN, houve mais uma peça a encaixar-se neste puzzle complicado: Marlucy podia não ser mãe de Milena, mas era a progenitora de Marcelma. No entanto, a solução para este dilema poderá estar à vista, uma vez que só falta descobrir se Maria de Fátima será a mãe biológica de Milena, de acordo com a estação brasileira.
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Tendo em conta que este foi um erro cometido pela maternidade, o hospital já se pronunciou em relação ao sucedido, ainda que tudo se tenha desenrolado há quase 30 anos e não haja uma máquina do tempo que remedeie a situação. "O Hospital Regional de Cajazeiras está completamente solidário" com a causa, informa o estabelecimento em comunicado, citado pela "Globo". "Nosso objetivo é colaborar com os familiares para que tudo possa ser resolvido", conclui.
Apesar das trocas e baldrocas, não há testes de ADN que demovam os laços construídos entre as filhas e as famílias com que sempre viveram. Por exemplo, mesmo que não seja a sua mãe biológica, Milena continua a morar com Luísa, e Raylane, que mora nos Estados Unidos, mantém contacto com as duas mães, Luísa e Marlucy. No caso de Marcelma, que se afastou de Maria de Fátima, a situação é diferente e está a tentar recuperar o tempo perdido ao conviver com a mãe biológica, Marlucy.
A realização e respetivas conclusões do último teste de ADN ainda não têm data divulgada, mas um resultado positivo (isto é, que dissesse que Maria de Fátima é mãe de Milena) confirmaria, então, a troca tripla de bebés. Se for negativo, o drama continua, uma vez que se levanta a suspeita de que mais uma bebé pode ter sido trocada na maternidade, há quase 30 anos.