Fazem-se passar por turistas, com mochila, roupa confortável e guia na mão. Mas o mapa que abrem não serve para saber que rua têm que seguir até chegar ao Castelo de S. Jorge. Serve sim para tapar a manobra que permite tirar o telemóvel ou a carteira do verdadeiro turista, que normalmente nem se apercebe do que está a acontecer.
Funcionam normalmente em grupo ou, pelo menos, a pares, com táticas bem pensadas e algumas das caras já são conhecidas de moradores e comerciantes das zonas críticas, ou seja, aquelas com mais gente e com carteiras mais recheadas.
No entanto, basta dar uma volta pelas últimas notícias sobre o tema para perceber que já não é só na linha do elétrico 28, principalmente na zona do Castelo e da Sé, que estes roubos acontecem.
Esta semana, a PSP anunciou a detenção de nove carteiristas nas freguesias de Santa Maria Maior e Arroios entre 25 setembro e 1 de outubro. A primeira detenção ocorreu quando os agentes viram três carteiristas a seguir uma turista. Enquanto um se manteve de vigia, os outros dois encostaram-se à vítima, um deles abriu-lhe a mochila, tirou-lhe a carteira no valor de 150 euros com documentos e 135 euros em dinheiro. Os suspeitos foram imediatamente detidos e a carteira entregue à proprietária.
Desta vez, a atuação da polícia foi imediata mas, como nem sempre isso acontece, os lisboetas chegaram-se à frente e criaram uma página de Facebook onde são denunciadas, quase que no imediato, situações de roubos feitos por carteiristas.
A página chama-se "Carteiristas Lisboa/Pickpoket Lisbon", tradução já a pensar nos estrangeiros, as vítimas preferidas neste tipo de crime.
São mais de 12 mil pessoas a seguir a página — à qual está associada um canal de Youtube— na qual são partilhadas notícias, fotografias de caras já conhecidas de quem está habituado a assistir aos roubos e até vídeos de carteiristas apanhados em flagrante.
Só no primeiro trimestre deste ano tinham sido feitas 3 mil queixas à policia relativas a furtos feitos por carteiristas. E, segundo do Diário de Notícias, a tática está a mudar e os roubos têm sido feitos mais na rua e menos nos transportes públicos. Isto porque, o roubo de uma carteira na rua é considerado furto simples e, por isso, não pode ser punido com prisão preventiva. Se acontecer num transporte público, passa a ser crime punível com pena de prisão superior a cinco anos e o juiz pode decretar prisão preventiva até á data do julgamento.
Esta não é a primeira página criada com o objetivo de partilha de informação in loco sobre o que se passa na cidade. Uma outra, sobre a EMEL, funciona com a participação de lisboetas que publicam avisos sobre as zonas nas quais os funcionários estão a ser vistos a multar.