Da reunião entre António Costa e a Ordem dos Médicos, que decorreu na residência oficial do primeiro-ministro e durou mais de duas horas e meia, resultou um apaziguar dos ânimos após a polémica em que Costa chamou, em off, "cobardes" aos médicos depois de numa entrevista ao jornal "Expresso".
No final da reunião, o bastonário da Ordem, Miguel Guimarães, falou aos jornalistas, que não tiveram direito a fazer perguntas no final. Miguel Guimarães garantiu que o primeiro-ministro “transmitiu de forma clara respeito e confiança pelos médicos portugueses” e não insiste na polémica que levou à reunião convocada de urgência. “Temos de prevenir segunda onda” e "contar com proteção às pessoas mais desprotegidas”, nomeadamente nos lares, referindo-se à época do outono/inverno que se aproxima e deve ser alvo de atenção.
Seguiu-se o primeiro-ministro a prestar declarações à comunicação social. "Quero agradecer a oportunidade de ter tido uma conversa franca e útil no que diz respeito ao contributo que a OM tem dado, mas também à actuação do SNS na resposta à pandemia e aos lares em concreto", disse, acrescentando ainda: “Um idoso internado num lar não deixa de ser um cidadão português”, acrescentou.
Ainda sobre a situação de Reguengos de Monsaraz, António Costa refere que conseguiu "esclarecer a forma como o estado agiu e reagiu sobre a situação do Lar de Reguengos em concreto". Costa disse ainda que "não há um mundo sem falhas, mas mais do que apontar o dedo temos de tentar responder às realidades que existem".
O primeiro-ministro destacou que fica satisfeito por, espera, o bastonário ter saído da reunião “sem a menor dúvida sobre consideração e apreço que tenho pelos médicos e pelo seu trabalho", diz. “Espero que todos os mal-entendidos estejam esclarecidos. Acho que testemunhou de forma inequívoca o meu apreço e consideração pelos médicos portugueses”.
António Costa acalma assim a polémica que ficou acesa depois de ter sido divulgada a gravação com cerca de sete segundos enviado pelo jornal "Expresso" para duas televisões. "Os microfones usados na entrevista foram desligados, mas, por lapso, o microfone interno da câmara não — pelo que ficou em fundo o som da conversa off the record, reservada, que o primeiro-ministro teve com os jornalistas presentes na entrevista", explicou o jornal em comunicado oficial publicado esta segunda-feira, 25 de agosto.