A direção do "Expresso" lançou esta segunda-feira, 24 de agosto, uma nova nota na qual presta os esclarecimentos devidos acerca da divulgação ilegal do vídeo em que se ouve António Costa a chamar os médicos "cobardes". As declarações surgem depois de o jornal ter acionado os processos internos necessários para avaliar a situação.
Se inicialmente o jornal alegou que a divulgação do vídeo, no qual se ouve uma conversa privada entre António Costa e os jornalistas que conduziram a entrevista, não era da sua responsabilidade, o jornal volta atrás nessas declarações assumindo a culpa.
"No final da tarde de sexta-feira, o 'Expresso' enviou para duas televisões os sons da entrevista, incluindo algumas dessas imagens, conhecidos como 'planos de corte' (que são imagens que ajudam as televisões a enquadrar com outras imagens as peças sobre a entrevista). Esses planos de corte incluíam a imagem e áudio de sete segundos que resultaram na polémica conhecida. Esse envio é um erro da responsabilidade do Expresso, que assumimos por inteiro", lê-se no comunicado oficial.
Sobre como terá acontecido essa gravação, já após a entrevista, o jornal defende-se. "Após a entrevista, foram recolhidas imagens para construção do vídeo de promoção da conversa mantida com António Costa. Os microfones usados na entrevista foram desligados, mas, por lapso, o microfone interno da câmara não — pelo que ficou em fundo o som da conversa off the record, reservada, que o primeiro-ministro teve com os jornalistas presentes na entrevista."
Assim que o "Expresso" se apercebeu de que esse esse vídeo tinha sido enviado juntamente com os planos de corte, o jornal "pediu às duas televisões que não o usassem e que o apagassem do arquivo" por se tratar de uma "conversa confidencial entre uma fonte e os jornalistas".
E continua no mesmo comunicado: "A preservação destas regras é crucial quer para a manutenção da confiança entre as partes, quer para um eficaz apuramento factual da verdade dos factos — factor cada vez mais determinante nas democracias. Como diz o nosso Código Deontológico, 'o jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, excepto se usarem para canalizar informações falsas'. Estas regras aplicam-se, naturalmente, a qualquer fonte de informação do jornal."
Na noite de sábado, 22 de agosto, no entanto, pessoas que trabalham no jornal receberam, via WhatsApp, um vídeo referente aos sete segundos da gravação polémica. Mas esses vídeo, diz a direção do "Expresso", não é a versão original.
"Houve edição de som, aumentando-o de forma a que fosse perfeitamente audível; e foi gravado de um monitor, o que facilmente pode ser comprovado na sua visualização, por comparação com a qualidade de imagem do vídeo original. Alguém gravou o vídeo com um telemóvel ou outro dispositivo, fazendo-o correr primeiro via WhatsApp, depois junto de outras redes sociais."
A direção do jornal já terá denunciado o vídeo junto do Facebook, Twitter e YouTube e diz que dará continuidade ao "apuramento de responsabilidades internas, tendo já tomado medidas que evitem que o erro se volte a repetir."