Gelados de carvão, ovos escalfados, taças de açaí, húmus de beterraba e poke bowls. Se por algum acaso este é um dos pratos que pensa comer hoje, pouse os talheres e mude de ideias. Tudo isto é demasiado 2019.
Estamos habituados a ver a moda associada à roupa, mas também a comida vive desta inovação constante. E, tal como a roupa, também há momentos de voltar ao armário, mas sempre com um twist. O pão, por exemplo, nunca deixou de ser torrado. Mas agora, se for a um espaço aberto na última década, dificilmente vê no menu a hipótese de o ter barrado com uma simples manteiga. É o abacate quem mais ordena. Ou a manteiga de amendoim. Ou o salmão fumado.
A década passada foi feita de comida colorida, saudável e vegan. Mas a carne e o junk food não se deixam abafar por modas. Estes últimos anos foram também fortes em carnes maturadas, batatas fritas e hambúrgueres artesanais.
Os apetites mudam, mas a base é a mesma: comer bem e bonito. E pelo que nos dizem as previsões, essa tendência mantém-se para o ano que acaba de começar.
Reunimos os dados divulgados por aplicações de avaliação de espaços comerciais como a Yelp, ou mesmo a Uber Eats, para fazer uma espécie de viagem ao futuro e preparar o estômago para o que 2020 nos traz a nível gastronómico.
1. Mais bebidas vegetais alternativas
É uma tendência mundial, mas em Portugal os números são flagrantes. O consumo de leite está a baixar desde 2008 e, nos últimos dois anos, caiu bruscamente. Em 2016, foram vendidos mensalmente 36,8 milhões de litros. Em 2017, o número baixou para 35,5 milhões, ou seja, menos um milhão de litros por mês.
Em alternativa, aumentou o consumo de bebidas vegetais, naquela que é considerada uma alternativa ao leite de vaca. E se não há espaço aberto na última década que não ofereça pelo menos um básico leite de soja, acredita-se que em 2020 a oferta cresça para outras variantes como a bebida de aveia, arroz, coco ou cânhamo.
2. Panquecas souflé
Já não há quem se contente com um pequeno-almoço feito de pão com queijo e galão. E muito menos leite com cereais.
A primeira refeição do dia ganhou uma importância nunca antes vista e agora as variante são muitas e cada vez mais apetecíveis. Há panquecas, papas, tostas e ovos e, na verdade, só a imaginação dita o limite.
Para 2020, espera-se que as panquecas sejam vítimas de um upgrade, com a versão souflé. É uma técnica japonesa que faz com que as panquecas saiam altas e fofas, e ainda mais instagramáveis.
3. Bebidas sem álcool
Neste último ano, as cervejeiras apostaram no relançamento das alternativas sem álcool e também nos bares e restaurantes há cada vez mais cocktails feitos sem álcool. E a tendência parece ser a de uma preocupação maior com a saúde e, consequentemente, uma diminuição de bebidas alcoólicas.
Ora veja: a campanha "Janeiro sem álcool", que começou em 2013, no Reino Unido, com quatro mil pessoas a aderir. Em 2018, foram quatro milhões. E um estudo da Nielsen divulgado recentemente diz que 47% dos americanos tem como intenção reduzir o consumo de álcool.
4. Comida com tinta de choco ou de lula
Depois da comida em tons negros que nos chegou nesta década com a moda do carvão ativado, as cores mantêm-se escuras mas agora graças à tinta que as lulas e os chocos lançam.
Ainda que em Portugal este tipo de tinta não seja novidade — quem nunca ficou com os dentes pretos depois de um prato de choco que se acuse — a verdade é que está a tomar conta de outras culturas que não a mediterrânea — e a japonesa, na qual também é bastante comum.
Agora há massas e até hambúrgueres tingidos com esta tinta natural, e a tendência é que tinja outros alimentos ainda este ano.
5. Adicionar colagénio à comida
Nunca se pesquisou tanto sobre a palavra colagénio no Google como este ano. Este crescimento foi acompanhado pelo aumento de suplementos de beleza, nos quais o colagénio está sempre presente, uma vez que é conhecido por oferecer firmeza à pele e ter ação anti-idade.
Por isso, para este ano prevê-se um aumento do consumo desta proteína, que pode ser consumida em comprimidos, ou na versão em pó. Nesse caso, pode juntar-se aos iogurtes, smoothies, chás ou cafés.
6. Cogumelos Reishi
Fazem parte da alimentação asiática desde sempre, mas tal como tantos outros alimentos orientais, também os cogumelos Reishi tardaram a chegar ao ocidente.
Mas agora, parece que todo o mundo acordou para as vantagens de comer estes cogumelos que contribuem para um sistema imunitário mais forte.
Pode ser consumido inteiro ou em pó e, neste caso, adicionado a batidos, sumos ou sopas.
7. Mais comida asiática
Ok, já todos comemos sushi e massas fritas com camarões há muito tempo. Mas e ramen? E pho? Ah pois é. A comida asiática nunca sai de moda mas, aos poucos, consegue fazer saltar coisas para além das suas fronteiras capazes de deixar os ocidentais loucos.
E esta é uma tendência que vai ser ainda mais forte este ano, até porque os pratos asiáticos, como tendem a ser feitos com alto valor proteico e com elementos como massa de arroz, tendem a ser vistos como mais saudáveis. E toda a gente quer ser mais saudável em 2020.
8. Alternativas à carne
Quando comparando 2007 com 2017, o numero de vegetarianos em Portugal tinha quadruplicado. Desde aí, o número ainda não foi oficialmente revisto, mas acreditamos que o crescimento tenha sido ainda mais exponencial.
E as marcas, atentas a isso, oferecem cada vez mais alternativas à carne e ao peixe, algumas delas tão realistas que até deixam na dúvida se aquilo que metemos à boca não é mesmo um pedaço de frango.
Marcas como a Beyond Meat ou a Impossible Foods deram a conhecer as alternativas à carne que muitos procuravam, com a opção de hambúrguer, salsichas ou carne picada tão reais que até sangram — graças a um concentrado de beterraba.
9. Vinhos orgânicos
No mundo dos vinhos, o rótulo é importante. Mas agora, não importa saber só o nome, o ano e a casta. Existem outros rótulos a ter em conta. Biológico, orgânico e bio dinâmico são palavras que passaram a estar associadas ao vinho, até porque agora, até quando o assunto é álcool, as pessoas querem saber mais sobre tudo o que acontece antes de chegar à mesa.
Para 2020, a tendência é nunca voltar trás e a consumidores exigentes dá-se vinho de qualidade, sem químicos nem pesticidas.
10. Curgete e couve-flor
E, de repente, aqueles que eram dos legumes mais aborrecidos que podíamos encontrar no supermercado, transformaram-se numa comida da moda.
Já ninguém os quer só cozidos que não estamos de castigo, mas nos últimos anos foi vê-los ganhar outras formas, formas essas que se mantêm em 2020, com tendência a ainda mais inovação.
Há curgete espiralizada a servir de esparguete e couve flor triturada a fazer de arroz. As duas, quando adicionadas a papas, dão volume sem fazer aumentar as calorias e, quando transformadas em massa de pizza ou de lasanha, garantem um prato de comfort food sem arruinar a dieta.