O Bons Sons sempre marcou a diferença no calendário de festivais em Portugal. Além de ter um cartaz 100% português, escolheu uma aldeia do centro de Portugal para cenário de quatro dias de concertos. Cem Soldos, em Tomar, passa a recinto de festival e os seus mil habitantes convivem com os festivaleiros sem qualquer tipo de barreira. Aliás, os limites do festival são demarcados pela fronteira da aldeia, com todos os espetáculos, feiras de artesanato e exposições de arte a serem comuns a locais e visitantes.
O cuidado com o ambiente foi também ponto assente de todas as edições — e já vamos na 9ª —, mas este ano dão (mais do que) um passo em frente na tentativa de reduzir o impacto ambiental da festa.
A grande novidade do festival deste ano não está nos palcos, mas sim na zona de refeições. Vai estar disponível uma alternativa aos tradicionais recipientes descartáveis: pratos de base biológica feitos a partir de farelo de trigo. Esta loiça, produzida pela polaca Biotrem, é totalmente biodegradável e, pode até, ser comestível. O processo de compostagem destes produtos leva leva trinta dias, lembra a organização, referindo que no caso do plástico podemos estar a falar de centenas de anos.
Vai estar também à venda (1,50€) uma garrafa de água especial, a Fill Forever, cujo design é inspirado numa cascata de água. O material utilizado, além de ser nacional, é 100% reutilizável e reciclável e até o processo de produção do recipiente tem um baixo consumo energético. E já que falamos em bebidas, outra das medidas implementadas no recinto é a eliminação total de copos descartáveis de cerveja e refrigerantes, promovendo a utilização de copos reutilizáveis. Os copos são vendidos no festival e o valor pode ser reembolsado depois da sua devolução.
Casas de banho ecológicas
Depois de algumas edições a servir de exemplo, a organização percebeu que também havia margem de poupança de recursos no que diz respeito à água potável. Assim, também as casas de banho são agora mais ecológicas, com o reforço de WC secas e a introdução de urinóis-fardo de palha em toda a zona de campismo. Esta alternativa não requer a utilização de água para descargas desnecessárias e evita a passagem de resíduos pela estação de tratamento de águas. Como é que funciona?
Simples. Os resíduos da WCeco, bem como os fardos de palha que vão absorver os líquidos, juntamente com coberto vegetal do próprio terreno, serão decompostos e transformados em matéria orgânica fértil que a população poderá utilizar, passado um ano, nas suas hortas, jardins ou sistemas agro-florestais.
E apesar de todas estas trocas ambientais, a verdade é que o plano ecológico do festival começa ainda antes de entrar no recinto. A organização convida os visitantes e deslocarem-se de transportes até ao recinto e, para isso, disponibiliza um serviço de transfer de hora em hora entre o recinto e as estações de comboios e autocarros mais próximas.