Foi a 1 de junho, a par da terceira fase de desconfinamento, que os 12 casinos em funcionamento no país reabriram, voltando à sua atividade sem restrições. Isto quer dizer que desde esta altura que estão abertos até às três ou quatro da manhã, excepto no caso de Lisboa, em que, a partir 1 de julho, se viram forçados a ter o horário de funcionamento reduzido, podendo operar apenas entre as 11 horas e as 20 horas, na sequência das medidas de excepção introduzidas para esta Área Metropolitana e que afetaram os espaços de Lisboa e do Estoril.

"Na AML, todos os estabelecimentos de comércio a retalho e de prestação de serviços, incluindo os que se encontrem em conjuntos comerciais, e os mencionados no artigo 24. º [estabelecimentos de jogos de fortuna ou azar, casinos, bingos ou similares] encerram às 20 horas", dizia o comunicado do Conselho de Ministros.

De resto, estes espaços usufruem de uma legislação específica, que permite que funcionem de madrugada, e que está descrita na Lei do Jogo, onde se lê que "os casinos podem abrir ao público até 12 horas por dia, num período compreendido entre as 15 horas de cada dia e as seis horas do dia seguinte, a definir pela concessionária, a qual, para o efeito, deverá comunicar à Inspeção-Geral de Jogos o horário escolhido com 60 dias de antecedência". 

Discotecas e bares podem não reabrir no verão, avisa António Costa
Discotecas e bares podem não reabrir no verão, avisa António Costa
Ver artigo

O setor dos estabelecimentos de animação noturna não compreende. Hugo Cardoso, presidente da Associação Portuguesa de Bares, Discotecas e Animadores (APBDA) garante ao "Diário de Notícias" que também estes espaços estão prontos para adotar todas as medidas necessárias para um funcionamento seguro.  "Porque é que eles podem estar abertos e o resto do planeta estar fechado? Porque é que podem ter a sua atividade normal? Não fazemos a mínima ideia porque é que estão abertos", questiona.

"Todos os dias da semana, até às três da manhã, os casinos são os únicos espaços que se encontram abertos e são a opção perfeita para quem procura, para além de uma experiência de jogo, uma refeição ligeira ou uma bebida refrescante", diz, em comunicado, citado pelo mesmo jornal o Grupo Solverde, que detém os casinos de Vilamoura, Monte Gordo, Praia da Rocha, Espinho e Chaves. O grupo adianta ainda que foram colocados "acrílicos que separam todos os jogos, garantindo a segurança dos jogadores em todos os espaços", referindo ainda a atribuição do selo Clean & Safe pelo turismo de Portugal.

Grupo Solverde atribuiu 47 milhões de euros em prémios

Aquilo que Hugo Cardoso viu, num fim de semana na Figueira da Foz, diz-lhe que, na falta de bares e de discotecas, é para estes espaços que os miúdos agora vão. "Há uns fins de semana fui à Figueira da Foz, jantei normalmente e, depois, tentei ver o que estava aberto, a única coisa era o Casino Figueira até às 04 horas", conta. "À porta, estava uma fila de miúdos como se fosse a entrada de uma discoteca, o bar estava cheio e também havia muitos miúdos nas máquinas. Não foi só a revolta por estarem abertos, e nós estarmos fechados, foi pelo incentivo ao jogo entre os mais novos."

Não reabrir discotecas em segurança é incentivar clandestinidade perigosa, alerta Deejay Kamala. "Estão a acontecer festas secretas com 200 pessoas"
Não reabrir discotecas em segurança é incentivar clandestinidade perigosa, alerta Deejay Kamala. "Estão a acontecer festas secretas com 200 pessoas"
Ver artigo

Em junho, o Grupo Solverde atribuiu 47 milhões de euros em prémios — tendo o de Espinho entregue 33 milhões e o de Chaves nove milhões.

Na terça-feira, 11 de agosto, a  Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal  (AHRSP) fez parte dos protestos da Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE), no Terreiro do Paço. A associação defende "um funcionamento normal" das atividades, desde que se implementem regras de prevenção e de segurança, referindo ainda que, no que toca às discotecas, foram elaboradas "regras específicas para que seja possíve a rápida abertura", tendo em conta a insustentabilidade da situação.

"É absolutamente insustentável manter os estabelecimentos encerrados e não lhes dar o apoio de que necessitam para que não sejam forçados a avançar para a insolvência. E receamos que para muitos já se vá tarde", disse a AHRESP ao "Diário de Notícias."