Durante a noite de segunda-feira, 24 de novembro, o cemitério de Alhos Vedros, na Moita, foi alvo de vandalismo. O alerta foi dado na manhã seguinte, na terça-feira, 25, pelo pároco da Paróquia de São Lourenço de Alhos Vedros, Nuno Pacheco, segundo a CNN. 

Quatro jazigos foram arrombados e existem vários relatos de campas abertas, caixões partidos e cadáveres espalhados pelo recinto do cemitério. “O processo de identificação está a ser feito pelas autoridades e, em breve, as famílias deverão ter conhecimento”, garantiu Nuno Pacheco à CNN. Em causa estão dez cadáveres, que foram levados para o Instituto de Medicina Legal (IML), de acordo com o “Correio da Manhã”.      

Matou a mulher, enterrou-a e voltou para abusar sexualmente o cadáver. Casal estava a divorciar-se
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Após o alerta, elementos da GNR, do Instituto de Medicina Legal e dos bombeiros dirigiram-se ao cemitério de Alhos Vedros. O cardeal Américo Aguiar (e bispo de Setúbal), Carlos Albino, presidente da Câmara de Moita, e o presidente da Junta de Freguesia de Alhos Vedros, Artur Varandas, também se deslocaram ao local.

“Foi com profunda tristeza e sentimentos de emoção, impotência e verdadeira consternação, que recebi a notícia da profanação de sepulturas no cemitério de Alhos Vedros. (...) Um ato desta gravidade atinge a dignidade intrínseca da pessoa humana, fere a memória dos que já partiram e causa sofrimento acrescido às suas famílias”, declarou Américo Aguiar numa nota episcopal transmitida ao final da tarde desta terça-feira, nota o "Correio da Manhã". “Qualquer atentado contra os mortos é também uma ferida aberta no coração dos vivos”, acrescentou o cardeal.

Rubens, um dos funcionários da paróquia, foi o responsável por descobrir o caso, tendo explicado que, quando chegou ao posto de trabalho, achou estranho ver um caixão “verticalmente encostado à parede”. Depois de descer da torre da igreja até ao cemitério, o funcionário deparou-se com algo que preferia não ter visto: “Aquelas pessoas ali, no seu descanso final, tudo misturado e jogado fora. Realmente, puro vandalismo”, recordou.  

O pároco Nuno Pacheco fez questão de desmentir as alegações de desmembramento dos cadáveres, mas admite compreender a confusão. “Quando se retira um cadáver de uma urna e se joga no chão, algumas partes podem efetivamente não continuar coladas ao próprio corpo”, explicou o mesmo.     

Especula-se que o ato de vandalismo foi motivado pelos bens de valor com que os cadáveres possam ter sido enterrados, com o objetivo de os roubar. “Quando acontece este tipo de situações nos cemitérios, um pouco por todo o país, estão sempre à procura de alguma coisa que se possa recuperar e vender, parece que possa ter sido essa motivação”, afirmou o pároco de Alhos Vedros.