Um total de 43.600 cães e gatos foram abandonados e recolhidos por centros municipais em Portugal em 2021, de acordo com um novo relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. O novo dado é preocupante, principalmente porque não há muito espaço para acolher os animais nos 170 centros oficiais no País, refere o “Correio da Manhã” desta terça-feira, 26 de julho.
“Apesar de se ter aumentado a capacidade, a verdade é que não há espaço para tantos cães e gatos abandonados”, disse o provedor dos Animais de Lisboa, Pedro Paiva, em declarações ao “CM”.
A taxa de abandono de animais de companhia aumentou em mais de 30% entre 2020 e 2021, o que se traduz numa média de 119 animais abandonados por dia. A razão para estes números? Os efeitos da pandemia.
“As pessoas quiseram animais durante a pandemia porque se sentiam sozinhas. Assim que passaram os confinamentos, houve perda do poder de compra e não tiveram condições para tratar deles, entre comida e cuidados. Então, abandonaram-nos”, apontou o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários.
Em 2020 a taxa de adoção aumentou tanto para gatos como para cães, na ordem dos 78% e 15%, respetivamente. O mesmo aconteceu em 2021, ano em que de janeiro a março foram adotados 59.194 cães e 36.899 gatos, segundo dados do Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC), citados pelo jornal “Observador”.
Após a adoção de um animal de companhia, os donos ficam obrigados a registar os animais no portal do SIAC, isto é, a marcar o animal de companhia até aos quatro meses através da implantação de um transponder/microchip, algo que nem sempre acontece, como lamenta Pedro Paiva, que dá conta de que ainda há animais sem registo ao fim de três anos.
Isto significa que além dos dados oficiais sobre os mais de 40 mil cães e gatos abandonados, pode haver muitos mais ao abandono que não estejam nos registos da plataforma SIAC.
Qualquer um pode ajudar os animais abandonados, quer ao ser voluntário em associações, como a SOS Animal, ao apadrinhar um animal da Animais de Rua, ou ao adotar, conscientemente, um animal, como os da associação Tarecos & Patudos, que recentemente fez um apelo à adoção, uma vez que vai ter de fechar portas por estar em terreno considerado ilegal.