Não, não é a história do filme Terminal. A personagem principal também não é Tom Hanks. Esta é a história verdadeira de um homem que está preso há 6 meses no aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia. E o pior? Para sair ainda vai ter de esperar mais 26 meses.
Hassan al-Kontar é um sírio residente nos Emirados Árabes Unidos, onde tinha uma vida normal, com um emprego e uma casa. Em 2011, quando a guerra na Síria começou, foi chamado para fazer parte do Exército sírio, mas recusou-se a voltar ao seu país, porque não queria fazer parte desta guerra.
Começou por ser procurado pelo governo sírio e mais tarde as autoridades dos Emirados quiseram deportá-lo. Após protestar, e insistir contra o facto de ter de voltar para o seu país, foi enviado para a Malásia, um dos países que concederam vistos a que fugiu à guerra da síria, mas sem lhes conceder o estatuto de refugiados. Depois de três meses na Malásia (tempo máximo do visto), encontrou apenas uma solução: tentar mudar-se para um país que deixasse entrar sírios sem vistos.
Comprou passagem para o Cambodja, onde foi mandado de volta. Gastou o resto do seu dinheiro a comprar um bilhete para o Equador, mas a Turkish Airlines não o deixou embarcar porque a validade do seu passaporte tinha acabado. Não podia sair nem entrar em qualquer país, por isso foi forçado a ficar preso no Aeroporto de Kuala Lumpur.
Há mais de 180 dias que Hassan está preso neste aeroporto, não respira ar fresco, ou dorme numa cama confortável, o banho que toma é de água fria no lavatório da casas de banho destinada a deficientes motores. Perdeu o casamento do irmão mais novo e apenas três refeições diárias lhe são providenciadas pela AirAsia. De manhã, ao lanche e ao jantar, sempre a mesma comida — arroz com frango.
A única maneira de sair do aeroporto é mudar-se para o Canadá. Um grupo de voluntários está a tentar que Hassan consiga entrar no país como refugiado, inclusivamente já lhe arranjaram um responsável, um trabalho e preencheram a primeira candidatura para o fazer. E foi aceite. Só lhe falta a segunda aprovação para se mudar, que chega dentro de 2 anos e 2 meses.
Enquanto prisioneiro, e sem grande opção de escolha, vive no Terminal 2 do Aeroporto, onde conhece pessoas de todo o mundo que vão passando e partilham fotos com ele. Hassan tem ainda uma conta de twitter onde partilha todas as suas aventuras.