Ia ter um exame de programação esta sexta-feira, 11 de fevereiro. E seria nesse exame que planearia matar os colegas, com recurso a facas, a uma besta (arco e flecha), garrafas de gás e de gasolina. Todo o arsenal que, esta quinta-feira, 10 de fevereiro, foi apreendido pela Polícia Judiciária, naquela que é a primeira tentativa (falhada) de um ataque deste género em Portugal.

Quem é?

Chama-se João, é natural da aldeia da Lapa Furada, concelho da Batalha, e tem 18 anos. Até ao ano passado, era lá que vivia, com os pais e um irmão mais velho, de acordo com o JN. É aluno do primeiro ano do curso de Engenharia Informática da Universidade de Lisboa. Vivia nos Olivais, na zona oriental da capital portuguesa, numa casa partilhada com outros estudantes. Na terra de onde é natural, é conhecido por andar sempre sozinho, e pela timidez.

E também por ser alvo de chacota por causa  disso. João terá sido vítima de bullying na sua terra natal e também na faculdade. De acordo com o "Correio da Manhã", não socializava com os colegas de curso, mas por vontade própria.

João, de 18 anos, vai ser ouvido esta sexta-feira em tribunal
João, de 18 anos, vai ser ouvido esta sexta-feira em tribunal "Correio da Manhã" divulgou a única imagem conhecida do estudante créditos: reprodução Correio da Manhã

Consumidor de videojogos e de conteúdos de violentos, em particular vídeos de massacres em escolas norte-americanas, João começou a ter conversas na dark web [parte da internet oculta dos utilizadores comuns, que só é acessível através do uso de configurações e softwares específicos] sobre estes temas e foi lá que expôs as suas intenções de orquestrar e levar a cabo um atentado terrorista na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

O que queria fazer e como?

Não havia, de acordo com o "Correio da Manhã", vítimas específicas. João planeou com vários meses de antecedência, o atentado que iria levar a cabo esta sexta-feira. Tinha um diário, que a Unidade Nacional Contraterrorismo da PJ encontrou quando fez as buscas à casa onde vivia, esta quinta-feira. Nesse diário deixou por escrito um plano com todos os pormenores do que queria fazer. Durante este tempo, foi reunindo um verdadeiro arsenal de matança: facas, bestas (uma arma branca com arco e flecha), botijas de gás e garrafas com gasolina.

Porquê?

As motivações por detrás do plano de João são desconhecidas. Sabe-se que o jovem não teria qualquer causa religiosa nem estaria ligado a nenhum grupo extremista. O que se sabe é que queria apenas matar “maior número possível” de colegas, cita o "Correio da Manhã".

E agora, o que vai acontecer?

Detido desde quinta-feira de manhã, altura em que a casa onde vivia foi alvo de buscas pela Polícia Judiciária, João chegou às 9h desta sexta-feira, 11 de fevereiro, ao Campus da Justiça, em Lisboa, onde será presente a juiz. Este será um primeiro interrogatório, que vai determinar as medidas de coação a serem aplicadas ao jovem, uma das quais poderá ser a prisão preventiva.

A moldura penal que poderá ser aplicada depende do número de crimes pelos quais será acusado. De acordo com o Código Penal português, o crime de terrorismo é punido com pena de prisão de 2 a 10 anos. João poderá ser também acusado do crime de posse de "arma de classe E" (categoria na qual se incluem os objetos encontrados pelas autoridades), punível com "pena de prisão até 4 anos ou com pena de multa até 480 dias".