Esta quarta-feira, 2 de junho, através de uma publicação partilhada na rede social Facebook, a Junta de Freguesia da Azambuja anunciou que terá em consideração para a contração de artistas o facto destes serem ou não a favor das touradas. "Comunica-se que em todo e qualquer espetáculo que eventualmente venha ainda a realizar-se este executivo terá em consideração na escolha dos artistas o facto de os mesmos se terem ou não manifestado contra as nossas tradições!", pode ler-se.
A partilha surge depois de esta segunda-feira, 31 de maio, ter sido divulgado que mais de 240 personalidades nacionais (atores, escritores, jornalistas, músicos, humoristas, coreógrafos, cantores, cientistas, entre outros) se juntaram à ONG Animal e assinaram uma carta a pedir a revisão do contrato de concessão do serviço público de rádio e de televisão entre o Estado e a RTP, pedindo que se acabe com a transmissão de touradas neste mesmo canal.
A carta, dirigida ao ministro das Finanças, João Leão, e ao secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, referia que se a revisão for feita, "poderemos finalmente ter uma televisão pública livre da transmissão de espetáculos que se baseiam na violência contra animais e normalizam tais comportamentos, como, por exemplo, sucede na tauromaquia".
Entre os apoiantes da causa encontram-se nomes como Nuno Markl, Diogo Faro, Diogo Piçarra, Ana Galvão, Bárbara Bandeira, Nuno Lopes, Eunice Muñoz, Rui Maria Pêgo, Sara Sampaio, Helena Isabel, Paulo de Carvalho, Agir, entre outros.
Após a partilha da Junta de Freguesia da Azambuja, foram já vários os que se mostram indignados com a situação. "Um artista ter uma opinião contra as touradas vale lista negra na Azambuja. Não tinha nada marcado para lá, mas posso dizer desde já a todos os azambujenses que apreciem o meu trabalho que serão sempre bem vindos nos meus espetáculos, sejam eles onde forem", escreveu Nuno Markl esta quinta-feira, 3 de junho.
"Pelos vistos para os artistas poderem trabalhar na Azambuja é proibido ter opinião própria ou qualquer sentido crítico. Pelo menos há a enaltecer a transparência, o resto é uma vergonha mesmo", partilhou também na rede social Instagram a deputada Cristina Rodrigues.
Diogo Faro foi um dos artistas que também não ficou indiferente à situação. "A presidente da Junta de Freguesia da Azambuja deve estar a confundir o seu cargo público com a gerência de uma qualquer tasca, com certeza. Arroga-se no direito de escolher ou vetar artistas consoante a opinião que estes tenham sobre touradas. Bastante risível", começou por escrever o humorista.
"Nem sequer me vou alongar sobre o estágio civilizacional em que ainda estamos que permite que não só continuem a existir touradas, como haver pessoas que tiram prazer de torturar - e ver torturar - animais. Mas que isso seja ainda 'espetáculo' apoiado com dinheiro de todos os contribuintes é tão absurdo como embaraçoso para o país", continuo, referindo que assinava a carta em questão as vezes fossem necessárias.