O número de portugueses com mais qualificações do que aquilo que os seus trabalhos requerem é cada vez maior. É esta a conclusão de um novo estudo divulgado pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, que explica que a tendência pode ter que ver com a "substituição dos trabalhadores mais velhos por mais novos e mais escolarizados", numa transição que, ainda assim, não reflete "uma melhoria da situação profissional", cita a TSF.

A investigação, com base na análise das bases de dados do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, olhou para o período compreendido entre 2006 e 2018, e nas duas metodologias utilizadas foi possível concluir que este número tem vindo a aumentar de ano para ano. Em 2018, o último ano analisado, mais de 20% dos trabalhadores portugueses denotavam uma "sobre-escolarização" na medida em que o trabalho que desempenhavam requeria níveis de escolaridade inferiores.

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Nas conclusões do estudo, citadas pela rádio, os autores André Branco Santos, Rita Bessone Basto e Sílvia Gregório dos Santos referem que a "sobre-escolarização" aumentou de forma significativa na última década, evidenciando, portanto, "a dificuldade no mercado de trabalho em alocar eficientemente os trabalhadores mais qualificados a postos de trabalho com exigências correspondentes".

Para os responsáveis da investigação, esta realidade pode "condicionar o impacto das melhorias ao nível da educação observado ao longo dos últimos anos na produtividade e no crescimento económico".

A "sobre-escolarazição", tal como os autores a definem, é mais comum nos cidadãos portugueses mais jovens, mas também entre quem trabalha nos serviços de segurança ou nos serviços de transporte.