Apesar do confinamento ainda estar para durar, foram quase quatro milhões de portugueses que este sábado, 27 de fevereiro, decidiram sair à rua. Os dados foram contabilizados pela consultora PSE, que tem vindo a medir a mobilidade dos portugueses, e avançados este domingo, 28 de fevereiro, pelo Jornal "Público". Estima-se que no domingo, 28, o número se tenha repetido
Segundo os dados, este foi o sábado mais movimentado desde o início do ano e corresponde a uma tendência crescente de desconfinamento que se tem vindo a verificar e que poderá estar relacionada com o tempo primaveril que se fez sentir durante o fim de semana e ainda com a desvalorização do perigo, dado o decréscimo dos dados diário relacionados com a COVID-19 — tanto em número de casos, como de mortes e internamentos. Nuno Santos, especialista em análise de dados da PSE, consultora que contabiliza todo o tipo de deslocações, afirmou que o aumento da mobilidade era uma tendência que se vinha a verificar desde o encerramento das escolas — altura em que os portugueses passaram a sair à rua mais vezes e por períodos de tempo mais prolongados.
Contudo, não é só durante o fim de semana que o aumento de circulação se tem vindo a verificar. O "Público" avança ainda que na última sexta-feira quase seis milhões de portugueses saíram à rua. Este número equivale assim a 75% das pessoas que circulavam habitualmente neste dia da semana antes da COVID-19, registando-se uma redução de apenas 25% relativamente aos tempos de normalidade.
“Há em média mais um milhão de pessoas por dia na rua, quer aos fins-de-semana quer aos dias de semana, por comparação com a altura em que as escolas encerraram”, refere Nuno Santos citado pelo "Público". Segundo a consultora PSE, esta é ainda uma tendência que não discrimina regiões nem idades, uma vez que há também idosos a sair mais de casa.
Quanto ao género, são mais os homens a sair à rua comparativamente com as mulheres. Também as classes sociais mais baixas revelam essa tendência, algo que pode estar relacionado com a impossibilidade de teletrabalho em algumas profissões ou ainda com as condições de habitabilidade mais precárias. "Apesar desta erosão do confinamento, os portugueses têm mostrado um comportamento exemplar desde o início da pandemia, respeitando aquilo que lhes é pedido ou imposto", afirma o analista de dados.