Dia 13 de março, Henrique Paranhos usou a sua página de Facebook quase como espaço para pensar alto. "Surgiu-me aqui uma ideia de criar um projeto para apoiar pessoas dos grupos de risco e que têm dificuldade ou não devem sair de casa para ir as compras", escreveu. Falou das lojas online com atrasos de semanas, das pessoas que estão em casa sem poder sair, das entidades que poderiam apoiar. "O que acham?"

As respostas a esta pergunta de Henrique não se fizeram esperar e a verdade é que, três semanas depois do apelo, o SOS Vizinho está a funcionar.

Este é um projeto cujo objetivo passa por criar uma rede de distribuição composta por voluntários em todo o País, que possam ajudar quem não pode sair de casa para ir às compras ou à farmácia.

Na prática, a pessoa que esteja fechada em casa, seja pela idade ou por questões de saúde, pode ligar para 800 20 20 20. Será atendido por um dos muitos voluntários que entretanto se juntaram ao projeto e que vão tomar nota do seu pedido, que pode ser uma lista de supermercado ou medicamentos da farmácia.

O pedido será encaminhado para o coordenador da zona do País onde está a pessoa que precisa de ajuda e um dos voluntários destacados irá fazer essa compra e entregar em casa. O pagamento pode ser feito por dinheiro, ainda que se privilegie o MBWay para evitar a contaminação.

Este é um projeto que abrange todo o País, e nunca estará totalmente fechado. Um dos trabalhos dos voluntários atualmente é o de garantir que não haja zona do País sem cobertura. É por isso que se mantêm abertos para candidaturas de voluntários e também a parcerias com quem possa ajudar esta rede a crescer.

É que Henrique começou sozinho, mas rapidamente conseguiu juntar, remotamente, toda uma equipa feita de pessoas de áreas de logística, institucional, jurídica, compliance, voluntários, web development e comunicação. A Joana Alegria, coordenadora de call center, por exemplo, calhou a difícil função de conseguir juntar numa sala dez pessoas por turno para receber as chamadas com os pedidos de ajuda, quando as indicações de segurança pedem para que as pessoas se mantenham em casa. "Mas asseguramos todas as condições de segurança", refere à MAGG. As mesas têm uma distância de segurança, há gel e luvas disponíveis, além de uma limpeza do espaço feita entre turnos.

Também os voluntários no terreno devem munir-se de máscaras, luvas e gel e, ainda que por vezes possa ser tentador, não poderão dar qualquer tipo de ajuda extra, nomeadamente ajuda médica ou logística dentro de casa de cada pessoa que pede ajuda.

No site da iniciativa encontra informação para a inscrição enquanto voluntário, e é também lá que está o formulário a preencher caso seja uma das pessoas que precisa de ajuda. Também pode ligar para 800 20 20 20.