Se há quem já tenha abraçado a ideia de que a maquilhagem pode ser usada por todos, há quem discorde, acreditando ainda que este género de produtos pertence à exclusivamente à esfera feminina. É precisamente por isso que a Zara está a ser alvo de uma avalanche de críticas, depois de ter publicado um vídeo de um influenciador a usar os produtos da marca.

O vídeo, publicado este domingo, 9 de julho, no Instagram da marca do grupo Inditex, tinha Luke Corbett como protagonista. Nas imagens, pode ver-se o influenciador a maquilhar-se com o trio de blush, corretor e bronzer da Zara, com o objetivo de atingir um look natural sem muito esforço – e isto foi suficiente para gerar polémica.

Em menos de cinco horas, o vídeo conta com quatro milhões de visualizações e mais de 1700 comentários. E, se deslizar o dedo pela caixa designada a este fim, é provável que se aperceba de que a maioria evidencia algum desagrado em relação ao facto de Luke Corbett estar a maquilhar-se.

"Onde está o botão de 'não gosto'?", "A normalizar o anormal", "Os homens deviam manter-se homens", "O mundo enlouqueceu" e "Meu Deus, Zara, chega!" são algumas das críticas que podem ler-se na publicação. Estas vão-se fundindo com os avisos de outros utilizadores, dizendo que vão deixar de seguir a conta da marca – e há até quem alegue já o ter feito.

Contudo, nem só por comentários negativos foi invadido o vídeo da Zara. A publicação conta ainda com palavras de apoio vindas de alguns utilizadores que, descontentes com a onda de ódio que ali se gerou, também decidiram manifestar-se.

"Meu, e estes comentários? Vocês são uma cambada de haters [geradores de ódio, em português]. Este homem sabe aplicar bronzer melhor que eu e está tudo bem", comentou uma utilizadora. "Estes comentários estão cheios de ódio. Ele pode fazer aquilo de que gostar [mais]", comentou outra. E ainda houve quem utilizasse a oportunidade para relembrar de onde surgiu a maquilhagem, sustentando o seu argumento.

"É tão engraçado que as pessoas se esqueçam de que a maquilhagem era originalmente usada pelos homens nos milénios a.C.. Era uma forma de mostrar masculinidade", lê-se nos comentários. E, de facto, a maquilhagem tem séculos de história e era usada, nos primórdios das civilizações modernas, quer por homens quer por mulheres, como sinónimo de estatuto social. 

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Uma das primeiras civilizações a dar vida à cosmética, ainda que de formas mais arcaicas, foi o Antigo Egito, onde a arte da maquilhagem era considerada uma prática estética e religiosa. Curiosamente, essa arte foi desenvolvida e popularizada por homens, especificamente pelos faraós egípcios, de acordo com a "Byrdie".

Os monarcas do Antigo Egito acreditavam que a maquilhagem melhorava a sua aparência física, não descurando as propriedades simbólicas e espirituais que estas pressupunham. Isto é, os cosméticos eram utilizados para que estes se conectassem a deuses, se protegessem contra o mal e até para enfatizar posições de poder.

Ao longo dos séculos, o uso destes produtos evoluiu e foi-se disseminando, acabando por entrar em várias culturas, com homens e mulheres a adotá-la em diferentes momentos e contextos. E, ainda que haja quem defenda a posição contrária, a maquilhagem é encarada como uma forma de expressão pessoal e artística, independentemente do género.