A ex-companheira de António Pedro Cerdeira concedeu, esta quinta-feira, 24 de novembro, uma entrevista ao "Dois às 10", na qual relatou os episódios de violência doméstica que terá vivido com o ator da SIC, com quem manteve uma relação durante nove anos.

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O par conheceu-se em 1998 na apresentação de um banco português em Genebra, na Suíça, onde Susana vivia, assim como informa o "Correio da Manhã". Porém, a relação só terá avançado em 2013, ano em que começaram a morar juntos. Susana abandonou a Suíça, onde deixou os cinco filhos, para vir viver com Cerdeira, relata o mesmo órgão.

Susana da Silva contou, na manhã desta quinta-feira, ao repórter do programa da TVI que a primeira vez que fez queixa do ator por violência doméstica foi a 9 de outubro de 2020. "Vivi um pesadelo durante sete anos", afirmou, sendo que estiveram juntos durante nove. Refere agressões físicas, mas também psicológicas.

"Não eram agressões estilo empurrões ou chapadas. Era murros na cabeça, era pontapés, era trela de cão, era bancos"

"Era agredida verbalmente, era agredida fisicamente, mas não eram agressões estilo empurrões ou chapadas. Era murros na cabeça, era pontapés, era trela de cão, era bancos, com que me abriu a cabeça", detalhou. Terá sido "numa ressaca" do ator que este abriu a cabeça à ex-companheira com um banco. Susana afirmou não ter ido ao hospital: "Tratei-me sozinha".

A antiga parceira do ator da SIC considera que a mãe morreu de desgosto, após saber que António Pedro Cerdeira batia em Susana. "Sete dias depois" de a primeira queixa ter sido feita, morreu. "A minha mãe morreu porque não suportou ver o meu corpo. Gostava muito do Pedro, foi uma grande desilusão para ela", revelou Susana da Silva.

Na mesma entrevista, Susana conta que decidiu contar aos pais e, para que vissem pelos próprios olhos, pôs-se nua. "Vais fazer queixa, senão não entras mais em casa", ter-lhe-á dito a mãe. Depois de esta morrer, António Pedro Cerdeira terá pedido para Susana retirar a queixa. "Ele vai mudar", pensou, tendo feito isso mesmo.

"Eles nunca mudam. Os homens que batem não mudam", apressou-se a acrescentar. Os episódios de violência doméstica terão continuado e tanto os amigos como a família de Susana, segundo conta, incentivaram-na a voltar a apresentar queixa, algo que fez a 4 de junho.

"Ele tem um caráter muito ciumento, castrador, manipulador, onde a mulher não é nada"

Susana da Silva continua o relato dizendo que foi ela quem saiu da casa em que viviam e assegurou: "eu nunca fui violenta, nunca bati, nunca agredi". Garantiu que não deseja a prisão a António Pedro Cerdeira, mas deseja "que seja punido, que tenha vergonha na cara do que anda a fazer às mulheres".

Confirmou que já tinha ouvido falar em testemunhos de outras mulheres sobre o alegado caráter violento de Cerdeira. A cantora Rita Guerra, que foi casada com o ator entre 2011 e 2013, chegou a falar, em entrevista à "Lux", sobre "comportamentos doentios" por parte do ex-marido, referindo bipolaridade, inveja, infantilidade e consumo de cocaína e álcool.

No "Dois às 10", confirmaram que o processo já deu entrada no Tribunal de Sintra e que tanto Susana como António Pedro e amigos do ex-casal já foram ouvidos. No decorrer da peça, a produção do programa da TVI passava imagens enviadas por Susana daquilo que serão, alegadamente, as marcas (como nódoas negras) provocadas no pelo ator de 52 anos.

Susana da Silva confirmou que foi a mulher com quem o ator esteve mais tempo e descreve-o como alguém com um "caráter muito ciumento, castrador, manipulador, onde a mulher não é nada". Relembra alguns momentos, como aquele em que saiu de um carro em andamento, e aconselha a que outras mulheres não se calem perante situações do género.

A reação de António Pedro Cerdeira às acusações de violência doméstica

No caso de Susana, 53, diz que nunca teve coragem de avançar com as queixas antes porque achou "sempre que as coisas se iam resolver". "Talvez tenha sido um bocado cobarde", reconhece. António Pedro Cerdeira já emitiu um comunicado em reação a estas acusações.

"No seguimento das notícias que têm vindo a público, vimos esclarecer que António Pedro Cerdeira abomina qualquer acto de violência seja de que tipo for, física ou psicológica, e é ele próprio vítima de violência doméstica", pode ler-se no começo do comunicado emitido pela assessoria do ator.

"António Pedro Cerdeira é Ofendido e beneficia do estatuto de Vítima no Processo NUIPC- 000315/22.7GDSNT 6.ª Seção DIAP Lisboa - Sintra - Violência Doméstica em que Susana Silva é Arguida", esclarece o mesmo, que sublinha que o processo em questão "está em fase de inquérito sob a direção do Ministério Publico (DIAP) e sob segredo de justiça".

Será essa a "razão pela qual António Pedro Cerdeira não deve prestar declarações". O comunicado termina declarando que "face às notícias publicadas pelo 'Correio da Manhã', António Pedro Cerdeira reserva-se o direito de agir judicialmente para defesa da sua honra e bom nome e repercussões na sua imagem pública como actor".