Ashley Graham, 36 anos, é uma modelo plus size norte-americana conhecida por promover a inclusão na indústria da moda e defender a aceitação do corpo de cada um e do amor próprio. Já foi capa de revista da “Vogue”, “Elle” e “Harper’s Bazaar”, desfilou para marcas como Michael Kors e Christian Siriano, lançou a sua própria linha de lingerie e escreveu o livro “A New Model: What Confidence, Beauty, And Power Really Look Like”.

A modelo e influenciadora digital, que conta com 21,7 milhões de seguidores no Instagram, vai marcar presença na gala GQ Men Of The Year este sábado, 25 de novembro, em Lisboa. A MAGG reuniu oito coisas que tem de saber sobre Ashley Graham, desde o seu percurso pela televisão ao parto em que quase morreu e à agressão sexual que sofreu em criança.

1. Foi descoberta num shopping

Ashley Graham começou a sua carreira como modelo aos 12 anos, após ter sido descoberta no shopping Oak View Mall na sua cidade natal, em LincoIn, Nebraska, nos Estados Unidos, em 2000. Estava com o pai quando um agente a abordou para perguntar se gostava de ser modelo.

Os pais pagaram mais de 2 mil dólares (1,84 mil euros) para a matricular numa escola de modelos. “Eles fizeram isso porque queriam que eu encontrasse paixão por alguma coisa e, com certeza, ser modelo tornou-se um estilo de vida que se transformou em carreira”, disse numa entrevista à “Vogue Arabia”. “100% que eu faria tudo de novo a partir dos 12”, acrescentou.

Ashley começou logo a aparecer em anúncios e catálogos e, quando completou 18 anos de idade, mudou-se para Nova Iorque para seguir a carreira de modelo em tempo integral. Assinou contrato pela primeira vez com a Wilhelmina Models em 2001 e, dois anos depois, mudou-se para a Ford Models, até que a agência encerrou a divisão plus size, onde estava inserida.

Atualmente, a modelo é representada pela IMG. Ashley já apareceu nas capas da “Vogue”, “Elle”, “Glamour”, Harper’s Bazaar”, desfilou na New York Fashion Week, nomeadamente na coleção primavera-verão 2018 de Michael Kors.

2. Fez história ao ser capa da “Sports Illustrated” e da “Vogue”

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Em 2016, Ashley fez história ao tornar-se a primeira modelo plus-size a ser capa da “Sports Illustrated Swimsuit Issue”. “Foi uma experiência abre-olhos para mim no sentido de: ‘oh meu Deus, eu posso fazer o que quiser’”, disse a modelo. “Quando és capa da 'Sports Illustrated' e tiras vantagem dela, podes conquistar o mundo”, afirmou.

Em 2017, foi capa da “Vogue” e também se tornou na primeira modelo plus-size a aparecer na revista.

3. O percurso na televisão

Ahsley Graham já apareceu várias vezes na televisão, nomeadamente quando participou num anúncio polémico de Lane Bryant em 2010, tendo ido falar sobre o sucedido ao “The Tonight Show with Jay Leno”. Em 2016, apareceu no videoclipe da música “Toothbrush” da banda DNCE, composta por Joe Jonas, Jack Lawless, JinJoo Lee e Cole Whittle.

Além disso, foi apresentadora dos bastidores dos concursos Miss Estados Unidos da América em 2016 e 2017 e Miss Universo em 2016, 2017 e 2018. A modelo foi jurada oficial do concurso “America’s Next Top Model” e em 2017 participou no programa “Lip Sync Battle” contra o ator Jermaine Fowler, que integrou a sitcom “Superior Donuts”, tendo vencido com as músicas “Treat You Better”, do Shawn Mendes, e "That Don’t Impress Me Much”, de Shania Twain.

No mesmo ano participou no primeiro episódio da 13.ª temporada do programa “What Would You Do?” e lançou a série “The Ashley Graham Project”, que mostra o estilo de vida acelerado da modelo americana, ativista corporal, escritora e designer, segundo o IMDb.

Em 2018, participou no videoclipe “Girls Like You”, dos Maroon 5 com Carbi B e, em 2019, apresentou a segunda temporada de “American Beauty Star”. Em 2023, esteve na passadeira vermelha na 95ª edição dos Óscares, a apresentar o “Countdown to the Oscars”, juntamente com Vanessa Hudgens e Lilly Singh.

4. Quase morreu ao dar à luz os filhos gémeos

Ashley conheceu o marido, o videógrafo Justin Ervin, na igreja, em 2009. Casaram-se em 2010 e a modelo anunciou a primeira gravidez no Instagram em agosto de 2019. Em janeiro de 2020, deram as boas-vindas ao primeiro filho, Isaac.

Numa entrevista em 2017, à CBS, a modelo admitiu que o seu casamento inter-racial com Justin foi chocante para a sua família no Nebraska. “Nunca esquecerei aquela sensação de estar ali sentada com o Justin, a pensar: 'estou tão envergonhada por ter que trazê-lo para conhecer estas pessoas, estas pessoas que me criaram e me ensinaram como viver, e ele está a ser tratado tão terrivelmente”, disse. “E ele disse-me: 'o racismo nunca é surpreendente, mas é sempre dececionante’”, contou.

Em janeiro de 2022, Ashley foi mãe pela segunda vez, desta vez dos gémeos Malachi e Roman. A modelo revelou que quase morreu ao dar à luz os filhos. O parto ocorreu na banheira, em sua casa, e depois desmaiou. Ashley estava com “uma equipa de profissionais qualificados, inteligentes e treinados” e com o marido, e lembra-se de “ver uma escuridão e o que pareciam estrelas”.

Quando acordou, “viu sangue literalmente por toda a parte”, tendo sabido mais tarde que perdeu litros de sangue numa hemorragia. “Eles não queriam dizer-me que uma das parteiras teve que me virar e pressionar com o dedo logo acima do osso da minha vagina para tentar estancar a hemorragia”, começou por contar.

Apesar dos filhos terem ficado “bem”, Ashley ficou deitada na cama durante “quatro dias seguidos” e “não conseguiu andar durante uma semana”, tendo passado quase dois meses em casa, revela a "Page Six".

Além disso, entre a gravidez de Isaac e a dos gémeos, a modelo sofreu um aborto espontâneo. “Não contei isso até agora, mas engravidei em janeiro de 2021, no aniversário do meu marido. Por ser a minha segunda gravidez, comecei a contar cedo e ficamos muito entusiasmados. Mas no final de fevereiro tive um aborto espontâneo”, contou, acrescentando que foi uma perda “devastadora”.

“Pareceu uma das maiores perdas que já tive na minha vida até agora”, admitiu, considerando-se uma “guerreira” por “sobreviver” enquanto ainda “lutava” com a sua imagem corporal no pós-parto.

5. Da Ted Talk ao lançamento do livro

Em 2015, Ashley Graham deu uma Ted Talk intitulada “Plus Size? More Like My Size” em Valência, Espanha, onde fez um discurso inspirador para 450 pessoas e que já foi visto 4,3 milhões de vezes no Youtube. A modelo começou por falar consigo mesma em frente a um espelho de corpo inteiro colocado no palco.

“Tu és ousada, brilhante e linda”, disse ela a si mesma. “Não há outra mulher como tu. Tu és capaz. Gordura nas costas? Eu vejo-te a aparecer no meu sutiã hoje, mas tudo bem, vou escolher amar-te. E as coxas? São tão sexy que não conseguem parar de se esfregar. Está tudo bem. Vou ficar com vocês”, continuou.

“E celulite, não me esqueci de ti. Vou escolher amar-te, mesmo que queira dominar toda a minha metade inferior. És uma parte de mim e eu amo-te”, acrescentou. A modelo voltou-se então para o público e compartilhou como se aprendeu a amar e a aceitar a si mesma e o que a levou a levar uma vida feliz e saudável.

Ashley revelou que se sentiu “livre” quando percebeu que “nunca” se “encaixaria no molde em que a sociedade” queria que ela se encaixasse. “Nunca serei perfeita o suficiente para uma indústria que define a perfeição de fora para dentro”, afirmou.

A mulher revelou que sofreu de bullying constante, devido à sua figura curvilínea. “Lá no Nebraska, eu era conhecida como a 'modelo gorda'. A rapariga que era bonita para uma menina grande. Eu odiei responder à pergunta: 'o que fazes da vida?'. Eu veria a sobrancelha daquela pessoa a levantar-se quando dissesse que sou modelo. Eu teria que me qualificar rapidamente com: ‘bem, sou uma modelo plus size’”.

Ashley reforçou várias vezes a importância do amor próprio. “Precisamos de trabalhar juntos para definir a imagem global da beleza e isso começa com ser o seu próprio modelo inspirador”, disse. “O meu corpo, assim como a minha confiança, foi destruído, manipulado e controlado por outras pessoas que não o entendiam necessariamente. Depois que recuperei o controlo do meu corpo, descobri um propósito maior como uma mulher que desafiava padrões pré-concebidos de beleza feminina”, acrescentou.

“É fundamental que tanto homens como mulheres criem um ambiente positivo para o corpo. Elevem as mulheres importantes nas suas vidas, criem um espaço seguro para elas expressarem a sua beleza e se sentirem confortáveis abraçando os seus corpos e quem elas são, não as escondendo por causa do que eles não são”, incentivou.

Em 2017, lançou o livro “A New Model: What Confidence, Beauty, And Power Really Look Like”, onde fala sobre o racismo que o marido sofreu da própria família, a importância dos pais na construção da autoestima, a má relação com o pai, e também revelou que um amigo da família a agrediu sexualmente quando tinha 10 anos.

6. Ashley foi vítima de agressão sexual e consumiu drogas para ser "popular"

Ashley Graham falou pela primeira vez sobre o facto de ter sido vítima de agressão sexual quando tinha 10 anos no seu livro “A New Model: What Confidence, Beauty, And Power Really Look Like”. A modelo revelou que o filho de 18 anos dos amigos dos seus pais a forçou a tocar no seu pénis ereto, na lavandaria de sua casa, depois de nadarem na piscina. Ashley contou que ficou assustada e que fugiu do local, mas que a situação a deixou com muitas “perguntas persistentes”, revela a "Vogue".

No livro, a modelo também fala abertamente sobre a sua experiência com drogas, incluindo cocaína e ecstasy, quando se mudou para Nova Iorque e era uma modelo iniciante, porque queria ser “popular”. Ashley quase foi dispensada pela agência por ter perdido um voo para um trabalho, dado que tinha ficado acordada a noite anterior toda numa festa. Aí, a modelo pediu desculpa e mudou o seu comportamento.

7. A mulher mais sexy do mundo e uma das modelos mais bem pagas

Ashley Graham foi considerada a mulher mais sexy do mundo aos 35 anos. O título foi-lhe concedido pela revista "Maxim", tendo-se destacado entre outras 99 mulheres, como Margot Robbie, Olivia Rodrigo, Jorja Smith, Anitta ou Beyoncé.

"A rainha das curvas é tão linda quanto inspiradora, seja a posar para sessões fotográficas glamorosas enquanto a mulher mais sexy do mundo ou a roubar as atenções nas passadeiras vermelhas", lê-se na legenda que a revista escreveu nas redes sociais, acompanhada pela capa desta edição, da qual a modelo é a protagonista.

8. Ashley Graham inspirou Barbie

Em 2016, a companhia de brinquedos Mattel criou uma Barbie semelhante à modelo, que nesse mesmo ano foi considerada “A Mulher do Ano” pela revista "Glamour". A boneca tem pernas grossas, com coxas que encostam uma na outra, rosto arredondado e corpo curvilíneo.

Barbie

Ashley chegou a pedir à Mattel que fabricasse a boneca simulando celulite no seu corpo, mas os fabricantes temeram que esse detalhe parecesse um erro de produção. Então, a modelo pediu que a fizessem sem nenhum espaço entre as coxas, ao contrário de ter o espaço que muitas mulheres sonham ter. Estes detalhes pretenderam incentivar as mulheres a perceber que a beleza existe em todos os tipos de corpos.

Veja algumas fotos da modelo.