Bruno Nogueira comentou no mais recente episódio do seu podcast “Isso Não se Diz” a acusação de agressão sexual da guionista e escritora norte-americana A.M. Lukas ao ator Nuno Lopes, processo que deu entrada no tribunal federal de Brooklyn, EUA, na segunda-feira, 21 de novembro. O humorista e o ator trabalharam juntos pela primeira vez no programa “Os Contemporâneos” da RTP, estreado em 2008, e criaram uma amizade que dura até aos dias de hoje.
“De repente, vi um amigo de quem eu gosto muito [Nuno Lopes] envolvido numa notícia que eu não queria ter visto. É uma notícia que, em qualquer circunstância, é horrível de ver, ainda para mais quando se trata de um amigo”, começou por dizer Bruno Nogueira.
Nuno Lopes está a ser acusado pela escritora norte-americana, cujo nome verdadeiro é Anna Martemucci, de agressão sexual. O episódio aconteceu em 2006, mas ao abrigo da nova lei norte-americana Adult Survivors Act, que ditou que até ao dia 24 de novembro deste ano todas as alegadas vítimas tenham podido fazer queixa de agressões sexuais que tenham prescrito, a guionista pôde dar entrada com o processo em tribunal.
A escritora alega que Nuno Lopes a terá drogado antes de a levar para o seu apartamento em Nova Iorque, dizendo que o conheceu durante a noite e que, a dada altura, perdeu a consciência, recordando-se de pequenos fragmentos. Um deles, seria Nuno Lopes a agredi-la sexualmente.
Bruno Nogueira não quis dar a sua opinião pessoal sobre o assunto, mas sentiu que o deveria abordar, para que as notícias que saíssem sobre a sua opinião não fossem “descontextualizadas”. “Devo desde já alertar que eu não venho à procura de sangue, o que pode desapontar alguém, mas não venho provocar mais dor nem defender. Venho simplesmente falar dos factos, e o facto é que uma pessoa está a ser acusada de um crime”, disse.
“Agora espera-se que todas as pessoas à sua volta (...) tenham uma opinião pública sobre isso, mas não tem que haver. Ponto número um porque não é um caso de nada que esteja provado nem pouco mais ou menos, e ter uma decisão sobre o assunto parece-me perigoso. Da mesma maneira que me parece perigoso estar a assumir que qualquer pessoa que faça uma acusação está à procura de dinheiro e de visibilidade”, acrescentou o humorista.
No caso particular de Nuno Lopes, Bruno Nogueira acredita que as pessoas já têm ideias pré-concebidas. “As pessoas são muito engraçadas, especialmente no Twitter [agora denominado de X], e o que acontece é que automaticamente têm uma opinião (...). O perigo é este, e quando se entra nesta futilidade de argumentos é muito perigoso, porque rapidamente começa a atear-se uma coisa que pode desenvolver um fogo ainda maior”, disse. Para o humorista, o que o incomoda não são as opiniões, e sim “a certeza absoluta com que as pessoas falam, tanto para um lado [a inocência] como para o outro [a acusação]”.
Apesar de não querer dar a sua opinião, Bruno Nogueira, não podendo dizer que tem a certeza absoluta de que Nuno Lopes está inocente porque não esteve presente na altura em que ocorreu a alegada agressão, afirma que nunca vai deixar de apoiar o amigo. “O máximo que eu posso dizer é que nunca vou deixar de apoiar um amigo até prova em contrário, e que isto fique bem claro. O que estou a dizer é que o plafon de amizade não se esvazia por ele ser alvo de uma acusação que não está provada em nada”, garantiu o humorista.
O humorista acredita também que é preciso dar crédito à pessoa que faz a acusação, e que essa pessoa tem de ser ouvida, mas que isso não implica que a pessoa acusada seja “espancada em praça pública”. “Recuso-me a fazer isso”, disse. Agora, Bruno Nogueira espera apenas que o caso se resolva rapidamente, porque os danos colaterais que o caso vai deixar em Nuno Lopes, quer seja inocente ou não, serão para sempre. “O que eu sei é que o Nuno que eu conhecia vai ser uma pessoa diferente depois disto, não sei quem será e a que custo”, acrescentou.
Depois de “Os Contemporâneos”, Bruno Nogueira e Nuno Lopes estiveram juntos no reality show falso “Último a Sair”, exibido em 2011 também pela RTP, e dois anos depois na série "Odisseia", onde o humorista e Gonçalo Waddington partiram numa viagem por Portugal numa autocaravana.
Também estiveram juntos na peça "Actores", de Miguel Martins, e o ator foi também várias vezes convidado das sessões noturnas de “Como É Que o Bicho Mexe?”, programa de Bruno Nogueira que era transmitido no Instagram durante a pandemia. Além disso, integraram a série da SIC “Princípio, Meio e Fim”. O programa, criado em 2021 pelo humorista, Nuno Markl, Salvador Martinha e Filipe Melo sobre o ato de escrever e errar, contava com cinco atores portugueses (incluindo Nuno Lopes), a interpretar cada mudança de guião.