Depois da notícia, divulgada na noite desta segunda-feira, 2 de agosto, de que Eunice Muñoz estava internada, António Muñoz, filho da atriz, garante à MAGG que a artista "está bem" e "bem disposta". E reforça que nada do que aconteceu foi repentino.
"A minha mãe tem estado a fazer uma digressão da peça 'A Margem do Tempo' que se estreou em abril. Até 22 de julho, representou-a no Teatro Garcia Resende, em Évora, já que tem passado por várias cidades", explica António Muñoz. Terá sido depois dessa atuação, continua, que a atriz se terá sentido "um pouco fatigada e fragilizada", não prosseguindo a digressão que iria passar por Lagos.
A atriz veio para Lisboa e deslocou-se até ao Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, um dos que serve a sua área de residência, e "onde tem vindo a ser acompanhada com regularidade desde há duas décadas pelo seu médico cardiologista". É neste hospital que está "há alguns dias" a fazer alguns exames em regime de internamento.
Os exames em questão poderiam ter sido feitos em ambulatório, isto é, sem necessitar de permanência prolongada no hospital, mas a conselho dos médicos foi privilegiado o internamento de modo a serem feitos "vários exames para perceber e, sobretudo, para acompanhar e monitorizar, o seu estado de saúde que é próprio de quem tem 93 anos e não tem parado".
"Isto não surgiu de repente. É importante que as pessoas percebam que não estamos a falar de uma senhora que está em casa, no sofá, a ver televisão. Mas sim de uma pessoa que, embora com todos os cuidados e as precauções necessárias, não tem parado desde abril [devido às digressões]", revela.
"O que se passa agora é o que começou há, precisamente, uns dias, em que os exames muitas vezes não são marcados logo ou são e depois aguardamos uns dias pelos resultados. Continuamos a despistar todas as possibilidades para perceber o estado de saúde da minha mãe, que é de alguma fadiga e fragilidade, e qual é, de facto, o problema para que se possa tratar", explica o filho da atriz.
António Muñoz reforça que a mãe "está bem" e "bem disposta", e que tem mantido o contacto com ela, e com a sua equipa médica, de forma diária e permanente. Nesta fase, refere, a expectativa é de que, nos próximos dias, os exames possam dar respostas mais conclusivas sobre o estado de saúde de Eunice Muñoz.
"A velocidade com que se propaga uma notícia pode, facilmente, causar danos em pessoas do círculo de amizade da minha mãe ou na família. Felizmente, estamos bem informados, mas há pessoas que não estão, que podem ficar bastante aflitas e ter algumas situações menos saudáveis perante uma notícia destas"
Devido à pandemia e à necessidade de limitar contactos, as visitas à atriz são restritas e apenas há uma visita referência, que é a de Lídia, a neta, com quem tem representado a peça "A Margem do Tempo". "A visita referência acontece só em casos absolutamente necessários devido à pandemia. Isso [o facto de não poder haver visitas] é uma coisa que está clara para nós. Mas estamos muito bem informados e falo com a minha mãe todos os dias", continua.
Apesar disso, e de reforçar que a atriz está com a boa disposição que sempre a caracterizou, nega categoricamente as informações iniciais que davam conta de que a artista tinha sofrido um enfarte e um AVC.
"Ontem [segunda-feira, 2 de agosto] surgiu o que, infelizmente, tem surgido recorrentemente na nossa sociedade em que, de repente, explode uma coisa que faz parecer que alguém teve dez problemas no mesmo dia. Nada disso corresponde à verdade", diz António Muñoz.
"Não faço ideia de como essa informação surgiu, mas só posso lamentar. Lamento, porque a velocidade com que se propaga uma notícia pode, facilmente, causar danos em pessoas do círculo de amizade da minha mãe ou na família. Felizmente, estamos bem informados, mas há pessoas que não estão, que podem ficar bastante aflitas e ter algumas situações menos saudáveis perante uma notícia destas", refere.
Esta não é a primeira vez que Eunice Muñoz é hospitalizada. Em 2019, uma queda no Auditório Municipal Beatriz Costa, em Mafra, obrigou a que a atriz fosse levada de urgência para o Hospital de Cascais.
Os 80 anos de carreira e a condecoração por Marcelo Rebelo de Sousa
Com passagens pelo cinema, televisão e teatro, 2021 marca os 80 anos da carreira da atriz que, em abril, decidiu passar o testemunho à neta, Lídia Muñoz, através da peça "A Margem do Tempo" que ambas protagonizaram e que percorreu o país de abril até final de maio.
Para novembro foi agendada uma última apresentação da peça na Sala Garrett, do Teatro Nacional D. Maria II, o palco em que Eunice se estreou em 1941 com a peça "Vendaval", quando tinha apenas 13 anos. Na peça em questão, contracenou com João Villaret, Palmira Bastos e Amélia Rey Colaço.
Na altura de encenar a peça que marcaria a sua despedida dos palcos, a atriz revelou, numa entrevista concedida ao jornal "Público", em maio, que estava "na altura de deixar cair o pano no teatro". "Na televisão, em princípio, ainda farei algumas coisas", revelou.
Sobre o momento em que se despediria dos palcos, a atriz fez saber que terminar a carreira onde começou "era um grande desejo".
"Lembro-me como se fosse hoje, nunca mais esqueci — e há tanta coisa que esqueci — a enorme emoção de ver o pano a subir pela primeira vez. É uma memória que está cá tão firme. Acho que vai ser uma emoção semelhante [ver o pano cair]. Espero que seja", referiu em entrevista ao mesmo jornal.
Para assinalar os 80 anos de carreira da atriz, Marcelo Rebelo de Sousa condecorou, em abril, Eunice Muñoz com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada.