Já é conhecida a primeira parte da entrevista de Harry ao programa matinal "Today", do canal norte-americano NBC, e há uma conclusão óbvia: a relação com o irmão William está cada vez mais distante. Em março de 2022 completaram-se dois anos desde que Harry e Meghan se afastaram do cargo de membros séniores da família real britânica e se mudaram para os Estados Unidos.
Questionado pela apresentadora do "Today" Hoda Kotb sobre se sente saudades da família, em particular do irmão e do pai, Harry foge à questão. "Para mim, neste momento, estou aqui, focado nestas pessoas [referindo-se aos participantes dos Invictus Games], nestas famílias, a dar tudo o que tenho para que eles tenham a experiência da vida deles. Quando sair daqui, volto a casa e o meu foco é a minha família, de quem tenho muitas saudades", afirma, referindo-se aos filhos, Archie, de 2 anos, e Lilibet, de 1o meses.
Harry revela ainda que já falou com o filho mais velho sobre a mãe, a princesa Diana (que morreu em 1997 num acidente de viação). "Não lhe contei tudo o que aconteceu mas já lhe disse quem é a avó Diana. Temos fotos dela em casa". Questionado sobre se "sente a presença" da mãe, o príncipe diz que sim, e que a tem sentido ainda mais intensamente nos últimos dois anos. "É como se ela tivesse feito o trabalho dela com o meu irmão e agora estivesse a ajudar-me. É o que sinto. Ele tem os filhos dele, eu tenho os meus, as circunstâncias são diferentes, obviamente, mas sinto a presença dela em quase tudo o que faço, mas sem dúvida, nestes últimos dois anos, mais do que nunca".
Harry sobre a rainha Isabel II. "Falamos de coisas que ela não pode falar com mais ninguém"
A entrevista ao canal norte-americano aconteceu no âmbito dos Invictus Games, iniciativa desportiva com veteranos de guerra, fundada pelo príncipe. Os jogos, que estão a acontecer em Haia, nos Países Baixos, contam com a presença do príncipe e da mulher, Meghan Markle. O casal aproveitou a viagem até à Europa para visitar a rainha Isabel II.
Harry falou sobre o reencontro com a avó, o primeiro em dois anos, e da forma como os Estados Unidos são, "para já", a sua casa. Na entrevista, emitida na véspera do 96º aniversário da rainha Isabel II, Harry elogia o "sentido de humor e a capacidade de ver o lado humorístico de muitas situações" da avó. "Temos uma relação especial. Falamos de coisas que ela não pode falar com mais ninguém".
O culminar das celebrações do Jubileu de Platina de Isabel II acontecem em junho de 2022 mas, nesta entrevista, o príncipe admite que, por "questões de segurança", não sabe se poderá marcar presença. "Estou a tentar fazer tudo para que os meus filhos a possam conhecer", explica, referindo-se indiretamente a uma disputa judicial que tem neste momento com o governo britânico, relativo à questão da segurança pessoal da sua família em caso de visita ao Reino Unido.
Questionado por Hoda Kotb sobre se se sente em paz a viver nos Estados Unidos, para onde se mudou com Meghan Markle e com o filho mais velho, Archie, em 2020, Harry respondeu de forma dúbia. "Não sei se há muita gente que se sinta verdadeiramente em paz. Às vezes sinto-me muito sereno mas, com tudo o que se está a passar no mundo, e a tentar ajudar com a plataforma que tenho... acho que, no dia a dia, aquilo que provoca maior ansiedade nas pessoas, e em mim também, é a desesperança", explica.
Harry conta ainda que um dia normal na sua vida gira em torno dos filhos, Archie e Lilibet. E, tal como qualquer pessoa que, com a pandemia, trocou o escritório pelo teletrabalho, o príncipe admite que a situação "não é assim tão boa". "Quando estamos com os nossos filhos no mesmo espaço, é difícil separar o trabalho deles. Porque se sobrepõem. O Archie passa mais tempo a interromper as nossas chamadas de zoom do que outra pessoa qualquer", conta.