Pelas 10h da manhã da passada terça-feira, 12 de outubro, a MAGG invadiu (com a devida permissão) os estúdios da Cidade FM. O objetivo? Conhecer a dinâmica da nova dupla das manhãs da estação, formada por Rui Simões, ex-animador da Rádio Comercial, e Catarina Moreira, da equipa do "Maluco Beleza".
O programa "Já São Horas", conduzido pela nova dupla da estação, tem lugar de segunda-feira à sexta-feira, das 7h às 11h da manhã. O que, em termos práticos, significa que Rui Simões e Catarina Moreira acordam por volta das 5h da manhã.
"Acho que nunca te habituas, aceitas”
“Nunca tinha sentido a dificuldade que é acordar às 5h da manhã”, revela o ex-locutor da Rádio Comercial. "Qual é o segredo? Chama-se café", conta. "Acho que nunca te habituas, aceitas".
Rui Simões e Catarina Moreira explicam que, geralmente, estão em sintonia de manhã e que, em termos de energia, acabam por se "contagiar mutuamente". No entanto, reconhecem que, no ar, a sinceridade é sempre uma mais valia e que não há necessidade de fingir uma energia e felicidade que não são reais.
"Nem todos os dias correm bem, nem todas as noites dormimos bem”, conta Catarina Moreira. "Também não há problema em assumir no ar. Do outro lado, também há pessoas que estão um bocadinho mais cansadas ou mais em baixo", acrescenta Rui Simões.
"Como é óbvio também não podes chegar aqui com a energia no mínimo. Tens de fazer o esforço. Até porque é para isso que te pagam: para estares alegre e animares as pessoas", explica o animador de 33 anos.
"Tenho carta desde os 18, mas nunca conduzi"
Rui Simões revela que Catarina Moreira é “muito noctívaga” e a colega confirma. “É verdade, sim senhor, mas aqui estou a portar-me muito bem. De segunda-feira a sexta-feira, deito-me sempre muito cedo. Às 21h30 já estou na cama, 23h é a loucura”, explica a animadora de Guimarães.
Se é certo que a rádio veio revolucionar os horários de Catarina Moreira, é igualmente verídico que também já mexeu com uma outra vertente da sua vida: a condução. Rui Simões confidencia que Catarina Moreira começou a conduzir “há muito pouco tempo” e que, por isso, todas as manhãs, chega à rádio expectante para ouvir as peripécias rodoviárias da colega.
"Tenho carta desde os 18, mas nunca conduzi. Portanto, passaram nove anos e eu nunca peguei no carro", explica a locutora de 27 anos. "Para quem faz um horário como este, todos os minutos contam. Então obriguei-me a conduzir. Bato nos passeios todos, tenho as jantes todas arranhadas e todos os dias são uma aventura”, acrescenta, em tom de brincadeira.
"Rivalidade, para existir, é sempre entre Cidade e Mega, e nunca entre a Mafalda e o Rui"
Ainda que no mesmo local, já que a Rádio Comercial e a Cidade FM ficam no mesmo edifício — e pertencem ambas ao mesmo grupo, a Medica Capital Radios —, a mudança para a estação jovem mais ouvida do País também veio alterar a rotina de Rui Simões.
Do horário (maioritariamente) noturno na Rádio Comercial, o jovem da Margem Sul passou a integrar a equipa das manhãs da Cidade FM e, consequentemente, a disputar o mesmo horário da namorada Mafalda Castro, animadora na rádio concorrente Mega Hits.
"A rivalidade Cidade FM e Mega Hits sempre existiu, ainda existe e vai continuar a existir. Mas é uma rivalidade saudável. Eu e a Mafalda jamais iremos ter essa rivalidade um com o outro", avança. "Rivalidade, para existir, é sempre entre Cidade FM e Mega Hits, e nunca entre a Mafalda e o Rui", garante o animador, que deixa claro que, em casa, não há partilha de conteúdos.
"O que acontece na Cidade FM fica na Cidade FM. O que acontece na Mega Hits fica na Mega Hits. Ou seja, não partilhamos ideias, partilhamos apenas formas de fazer rádio", esclarece. Para além disso, Rui Simões deixa a ressalva de que "a rádio há-de ser sempre maior do que qualquer locutor e animador".
"Tentamos ser o mais inclusivos possível"
Rui Simões e Catarina Moreira partilham a mesma visão no que à rádio diz respeito. É, para ambos, um dos meios comunicação mais eficazes de sempre, essencialmente, pela proximidade que têm com os ouvintes.
Para Rui Simões, a rádio "é música, claro, mas também é companhia", e recorda um dos episódios mais especiais que já viveu no ar. "Depois de uma música, digo no ar que aquele tema me fazia lembrar a minha mãe. Logo em seguida, recebo uma mensagem de uma ouvinte a agradecer por lhe estar a fazer companhia numa semana em que não estava com o filho, porque tinha ido para o pai. A rádio é isto — uma mãe que se apoia na rádio para apaziguar e acalmar as saudades que tem do filho. A necessidade de companhia vai haver sempre e, portanto, cá estaremos", avança.
"Nunca me pediram para disfarçar o meu sotaque"
Para Catarina Moreira, rádio é sinónimo de inclusão — e o facto de se ter liberdade para assumir o seu sotaque no ar é prova disso. "Acho que foi uma atitude muito corajosa da Cidade FM".
A animadora revela que fazer rádio sempre esteve nos seus planos e que, por isso, é um meio que sempre fez questão de acompanhar. Mas sentia falta não só de ouvir um sotaque do norte na rádio, como de ver retratada a própria realidade da região.
"O que falavam sobre festas e escolas era muito direcionado para Lisboa e eu não me identificava com nada daquilo. É interessante ter diferentes pontos de vista", explica. "Obviamente que há muitos locutores do norte na rádio, mas com um sotaque tão cerrado como o meu acho que não há nenhum", conta a locutora de Guimarães. "Nunca me pediram para disfarçar o meu sotaque ou alterar o que quer se seja", garante.
Para ambos, a rádio vive da verdade e, acima de tudo, da transparência. "Somos nós, Rui e Catarina, 100% genuínos", garante Rui Simões.
O animador descarta a ideia de que a rádio depende das redes sociais e defende que é um meio que será sempre muito mais do que a parcela que está presente no digital. "A rádio, como ela nasceu, só com a voz, vai existir sempre. O consumo aumentou nos últimos anos, as pessoas querem companhia e a rádio é isso mesmo", explica.
Rui e Catarina garantem que o facto de já existirem segmentos gravados da emissão, que ficam imortalizados na internet, não os assusta e não condiciona, de todo, a forma como trabalham. Por isso, não negam que o digital faz parte da realidade atual da rádio, mas admitem que o programa nunca será prejudicado por este. Antes pelo contrário.
"Podemos interagir com o público em direto, através do WhatsApp, por exemplo, e isso é ótimo", avança Rui Simões. "Claro que há sempre quem se ofenda com alguma coisa que dizemos, mas faz parte".
Com noção de que nunca será possível agradar a todos, a dupla de animadores conta que o truque passa por se manterem fiéis a si próprios— tal como têm feito desde o arranque do programa.