16 anos depois volta a fazer-se história: Portugal empatou com os EUA e qualificou-se para o Mundial de Râguebi 2023. Mas afinal quem é Tomás Appleton, o capitão dos 'Lobos'? Nós contamos-lhe tudo.

“É difícil explicar, é um dos melhores sentimentos do mundo. Quando sabes que o trabalho duro valeu a pena, não há palavras para o descrever. É incrível”, disse Tomás Appleton após o jogo frente aos EUA, citado pelo "Expresso". “Falhámos isto algumas vezes e precisávamos de uma nova geração para inspirar crianças a jogar râguebi e acho que fizemos o melhor trabalho possível para isso”, acrescentou o jogador de 29 anos. Mas afinal quem é Tomás Appleton, o capitão da seleção portuguesa de râguebi?
"Comecei a jogar râguebi com 6 anos, na altura por causa do meu irmão Francisco. Comecei a vê-lo a ir para o râguebi e a voltar a casa todo sujo, dos pés à cabeça. Comecei a pensar: 'se calhar é isto que eu quero'". Foi assim que Tomás Appleton começou por contar a sua história, num vídeo que publicou no Instagram e que tem como descrição "Be your own inspiration" (em português, "sê a tua própria inspiração").
"Nessa idade os nossos irmãos mais velhos são aquela referência que nós temos", explica o capitão, revelando que acabou por ir a um treino de râguebi para experimentar. Mas não foi amor à primeira vista. "Odiei, odiei completamente, não era nada daquilo que eu queria, aguentei-me mais uns meses, mas depois sai do râguebi", revelou.
O jogador de 29 anos acabou por abandonar a modalidade, mas apenas durante seis meses. "Deu-me na cabeça e pensei: 'se calhar vou dar mais uma oportunidade'". E assim foi. Tomás Appleton começou no Centro Desportivo Universitário de Lisboa (CDUL), em 2011, e conquistou três campeonatos no Campeonato Português de Râguebi, conhecido como Divisão de Honra, em 2011/12, 2013/14 e 2016/17.
O talento do capitão da equipa das quinas foi notado e o jogador voou até à Inglaterra para integrar o clube Darlington Mowden Park, na National League One em 2015/2016. Nessa altura, tornou-se uma revelação em Inglaterra, tendo recebido um prémio em 2015 pela Federação Portuguesa de Râguebi.
Movido pela paixão de um sonho, Appleton deixou em suspenso o curso de medicina dentária e viveu o sonho inglês. Mais tarde regressou para o seu antigo lar, o Centro Desportivo Universitário de Lisboa (CDUL). Atualmente integra a equipa representativa da união profissional portuguesa de râguebi, os Lusitanos. A equipa foi criada em 2013 para competir na European Challenge Cup de 2013-14. Já veste o equipamento da seleção nacional desde 2014.
Dr. Tomás Appleton ou capitão Appleton? Os dois. Apesar de ter colocado em suspenso os estudos quando foi para Inglaterra, o jogador conseguiu seguir outro dos seus sonhos e licenciou-se em Medina Dentária, no Instituto Universitário Egas Moniz, com prática exclusiva em Cirurgia Oral e Implantologia. Tornou-se mestre em Cirurgia Oral pela Universidad Europea, em Valladolid, Espanha. Mas parece que ser licenciado e mestre não era suficiente e Tomás Appleton foi mais longe: tirou uma pós-graduação em Cirurgia Oral pela Universidad de Ciências Medicas de Santa Clara, em Cuba e um curso intensivo de Implantologia Avançada pelo Instituto Velasco, em Sao Paulo, no Brasil.
Agora, integra a equipa da clínica médica Appleton Medical Care. E parece que foi aqui (ou algures na universidade) que descobriu o amor. O jogador tem uma filha, a pequena Benedita, de um ano, fruto do casamento com a também dentista Marta Líbano Monteiro. Ambos estudaram no Instituto Universitário Egas Moniz e agora partilham o mesmo local de trabalho, o Appleton Medical Care. O casal casou-se recentemente e assinalou a data numa publicação do Instagram, ao lado da pequena Benny.
Capitão do CDUL e capitão da seleção portuguesa, o jogador assume que não esteve uma carreira inteira para o ser, mas sim a "trabalhar na melhor versão de si mesmo". Uma vez que a liderança não se faz sozinha, o jogador tem como objetivo deixar "um trabalho que deixe marcas para o futuro". "É deixar a camisola num sítio ainda mais alto de onde a encontramos", disse.
Para fazer este trabalho que tem como objetivo "deixar marcas para o futuro", o jogador revela que vai buscar forças a quem mais ama: a família. "Cantamos o hino virados para o estádio à procura de quem mais amamos e estou constantemente à procura dos meus pais, do meu irmão, da minha mulher, da minha família e dos meus amigos", disse o capitão da equipa dos Lobos.
"Cada vez que jogo pela seleção é também por eles que estou a jogar e é um bocadinho de cada um deles que levo comigo para dentro de campo", revelou Tomás Appleton. "Acaba por ser essa a minha força para jogar melhor", finalizou.