Alguma vez comeu ouro? Está aqui uma oportunidade (de ouro) — e não vai precisar de gastar uma fortuna. Trata-se de uma criação da marca By Quintal, que nasceu em 2015, pela mão do casal Júlio e Maria João Lopes, que decidiu largar tudo para se dedicar à apicultura.

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"Sempre tivemos o sonho de termos um pedacinho de terra nosso e de estarmos mais ligados à terra e à natureza", contou Maria João Lopes à MAGG. Concretizaram-no nos anos 90, quando adquiriram um espaço numa aldeia no centro do concelho de Vila de Rei. Fica junto ao rio Zêzere e atualmente tem apenas nove habitantes.

O par, natural de Lisboa, reabilitou e reconstruiu o espaço "à maneira antiga, com as paredes de pedra e com tudo em madeira". Apesar de ter "estruturas muito frágeis" (e que fazem com que o coração aperte mais cada vez que há incêndios na zona), ficou "muito bonito e muito rústico".

Este casal largou tudo para se dedicar à apicultura

By Quintal
O casal de apicultores Júlio e Maria João Lopes. créditos: DR

"Desde pequena, sempre tive uma grande curiosidade sobre o mundo dos insetos, principalmente das abelhas e das joaninhas", revela a lisboeta de 57 anos. Em Vila de Rei, graças aos "vizinhos mais idosos", passou a conhecer melhor "o que são as abelhas e como trabalham". "Comecei realmente a interessar-me", adianta.

Maria João Lopes formou-se em Antropologia pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP), mas nunca exerceu. Ao fim de 25 anos a trabalhar no departamento de compras de uma multinacional, despediu-se. Também o marido ficou desempregado.

Era a altura certa para se dedicarem à vida de campo que tanto desejavam ter. Maria João trocou o certo pelo incerto e tornou-se apicultora. Como o conhecimento que possuía era "mais rudimentar" e insuficiente "para as exigências do consumidor atual", fez uma formação no Instituto Superior de Agronomia (ISA), assim como o marido.

Passou a entender melhor "como se pode e deve praticar a apicultura atualmente" e adquiriu os primeiros enxames. Hoje, possuem cerca de 200 colmeias, espalhadas por Vila de Rei, por Bucelas e por Sintra, onde também residem em parte do tempo.

É na melaria própria que extraem os produtos das colmeias que depois comercializam, como pólen, hidromel, favos de mel, bombons de chocolate negro com recheio de mel, vinagre de mel, velas de cera de abelha sem químicos e, claro, frascos com vários tipos de mel.

Porquê criar mel com flocos de ouro?

A localização das colmeias é o que define o mel. Assim, dependendo da vegetação que as rodeia, é obtido mel mono ou multifloral, como mel de rosmaninho, de urze, de rosmaninho ou de eucalipto. Este é sempre analisado para confirmar se há pólen em quantidade suficiente para assim ser rotulado.

Quanto ao mel com ouro da By Quintal, a sua existência deve-se aos romanos e à respetiva presença mineira numa zona de Conheiras, portanto, amontoados de pedras (no caso, seixos redondos) assim colocados por este povo depois de escavar e explorar as minas para retirarem o ouro que por lá se encontrava.

"Apesar de ainda hoje existirem vestígios de ouro, não são suficientes para se justificar haver exploração mineira", explica esta apicultora, que detém "um apiário muito próximo de uma das Conheiras". As abelhas começaram a ficar com as patas amarelas e Maria João disse logo ao marido: "É bem capaz que sejam microgrãos de ouro que estão por aí espalhados".

Este fenómeno era consequência do ouro que estava espalhado pela superfície das tais pedras. E foi daqui que saiu a ideia de fabricarem mel com ouro, utilizando flocos comestíveis adquiridos em lojas de produtos alimentares e criando um produto gourmet, biológico e diferenciado.

Além de serem vendidos em mercearias espalhadas pelo País, podem ser comprados online. Basta contactar a By Quintal através das redes sociais para efetuar a encomenda e recebê-la em sua casa. Um quilo de mel custa 10€, meio quilo 5,50€, 250 gramas 4€, 125 gramas 3€ e 30 gramas 1,20€.

Em breve, o projeto terá um novo site, que servirá como loja online. Estes frascos de mel têm validade de dois anos (ou vitalícia, caso seja armazenados "nas condições certas", como por exemplo longe da exposição solar e sempre muito bem fechados).