Já todos percebemos que o veganismo não é só alface. Mas será que todos perceberam que também não tem de consistir em misturas estranhas ou num prato dividido ao estilo da roda dos alimentos, com um quarto feijão, um quarto arroz e metade vegetais? N'A Minha Avó vai tudo para dentro do tacho ou do forno e é servido numa dose generosa para o prato, como sempre vimos a avós fazerem.
O projeto foi criado por dois jovens e amigos, Gustavo Grilo e Pedro Mouraria, ambos com 24 anos e no mundo vegetal há cerca de quatro. Gustavo é licenciado em Filosofia e mestre em Gestão, e Pedro tem uma empresa de programação de jogos para telemóvel. Portanto, ambos completamente fora da área da restauração, apenas dentro da área de gostarem de comer — e bem.
Primeiro surgiu a vontade de apostar neste segmento, depois a ideia de criar um take away vegan e só depois de fazê-lo com foco na cozinha tradicional portuguesa para cumprir com uma missão. "Desmistificar o veganismo e mostrar que podemos juntarmo-nos todos à mesa independentemente do tipo de opção alimentar. Gostamos muito de comer e queremos só sentarmo-nos com os nossos amigos e familiares", refere Gustavo à MAGG.
Apesar de o nome do projeto remeter para uma avó, as receitas não foram passadas diretamente pela avó de nenhum, mas sim pelo conforto à mesa que vem de toda a família. "Na minha família há uma grande tradição da passagem do conhecimento e de cozinhar em comunhão", refere Gustavo Grilo, que revela como é que chegaram às receitas finais, confecionadas por Beatriz e Sara.
"Demos a provar aos nossos pais, a quem não é vegan e há 50 anos não come este tipo de comida. Quisemos mesmo passar por esse escrutínio para sabermos que ia ficar bom e saboroso", continua.
Apesar de em Lisboa existirem várias opções vegan atualmente, é rara a que oferece a "comida de conforto que os nossos pais, tios e familiares e amigos estão habituados". Por isso, chegou o take away A Minha Avó para resolver os dilemas de uns e outros: acaba com o drama dos familiares sobre "o que raio come um vegan" e ajuda os veganos a mostrar "o que raio (também) come um vegan".
A ementa muda todos os dias, com dois a três pratos diários, à exceção de alguns que já vão fazendo sucesso, como é o caso do "bacalhau" com natas (9,90€) e da carne de "porco" à portuguesa (9,90€). Outros exemplos são o arroz sem pato, feito com cogumelos pleurotus, o "segredo que faz lembrar o pato" (9,90€), as pataniscas com arroz de tomate (7,90€) e até cozido à portuguesa (9,90€) ou feijoada (9,90€), nos quais não faltam os enchidos, mas vegan.
Por falar em enchidos, é comum também a própria sopa do cozido (2€) e "a mais aconchegante sopa da pedra Vegan" (3€).
Vegan que é vegan não come mesmo só saladas e se não bastaram os exemplos anteriores, feitos com ingredientes da época, então eis que é chegado o momento das sobremesas (especiais). "Não usamos açúcar refinado em nenhuma das nossas sobremesas, tentamos sempre só usar agave ou outros adoçantes menos refinados", explica Gustavo. E não é por não ter o açúcar mais tradicional que não adoçam a gula, como é o caso do doce da casa vegan, "o doce típico de todas as casas tradicionais portuguesas", que já é um best seller (3,50€).
A Minha Avó foi concebida como um take away, mas funciona também com serviço de entregas ao domicílio próprio, através das plataformas Uber Eats, Glovo e Bolt Food e, em dias de sobras, na Too Good to Go (além de ser feito um encaminhamento para a Refood). As caixas usadas são recicláveis e os talheres mais sustentáveis — tudo para que até no momento da entrega o conceito do veganismo se mantenha.