O Cícero tem uma nova casa. Depois de três anos gloriosos, trocou Campo de Ourique pelo Chiado. Este restaurante-galeria, criado como tributo ao artista pernambucano Cícero Dias, ícone do modernismo, aposta num menu sazonal.
O elétrico 28 para mesmo à porta da nova morada do Cícero, que escolheu estabelecer-se numa sala ampla e luminosa com abóbadas de pedra. Com cozinha aberta e 30 lugares, está decorado, de uma ponta à outra (e do chão ao teto) com obras da coleção pessoal de Paulo Dalla Nora Macedo, co-fundador do projeto e colecionador de arte.
Assim, podemos degustar as propostas criadas pela head chef Alessandra Montagne e pela chef executiva e co-fundadora Ana Carolina Silva enquanto apreciamos quadros (e não só), quase como se tratasse de um museu à mesa. A ementa vai variando consoante as estações do ano.
Para o outono, trouxeram "temperos e ingredientes brasileiros" como tucupi, nozes da Amazónia, coco e manga, "que não pode faltar na mesa dos brasileiros", assim como sublinha Ana Carolina Silva. "Queríamos um menu que trouxesse a raiz e a essência brasileira e não só um menu puramente francês ou português", adiantou, acrescentando que "todas as técnicas utilizadas são francesas", já que foi aqui que Alessandra Montagne aprendeu a mestria da culinária.
Assim, o menu de outono sabe a recomeço. Provámos o Promenade Cícero, à la carte, que custa 75€ e começa com as "Memórias Afetivas" da chef Alessandra Montagne: um trio que grita "Brasil", composto por coxinha de frango, dadinho de tapioca e pão de queijo com caviar.
Para entradas, um robalo curado com camarão, manga e leite de tigre (ótimo), um ravioli de urtiga e espinafre, queijo de cabra e curgete (e não, não pica) e um velouté de cogumelos, pickles botton e sarraceno, sendo que estes dois últimos serão bastante apreciados por vegetarianos.
No que toca aos pratos principais, um repolho marinado com quinoa e molho de trufa, o peixe do dia (um lírio imperial) com funcho, broccolini, puré de abóbora e pickle e maçã verde, um pato em texturas com polenta, jambu e tucupi e um duo de porco com puré de feijão branco fumado, cumaru e puxuri.
A finalizar, figo em variações (compota de figo, figo fresco e gelado de figos), bolo de coco gelado e açaí e um cremoux de chocolate, praliné de avelã, maracujá, beterraba e coentro (que faz alusão a uma das obras de Cícero Dias).
Além deste menu, existe ainda um outro de degustação, com oito momentos, por 105€ e mais 75€ para juntar harmonização de vinhos, e um menu vegetariano de cinco momentos por 85€.