O Mercado da Romeira, em Almada, prepara-se para acolher um novo negócio, capaz de despertar a atenção dos fãs de comida: batatas recheadas. Esta ideia, pensada por Guilherme Lopes, de 42 anos, e pela mulher, Marcela Pereira, de 40, começou com o sonho de abrir um negócio, mais concretamente um restaurante, conforme partilhado pelos criadores do projeto à MAGG.
Guilherme e Marcela são um casal de brasileiros que vive em Portugal há cinco anos. Apesar de atualmente Guilherme trabalhar como analista de sistema de software financeiro, já tinha experiência na restauração. "Sou cozinheiro, já tenho muita experiência com cozinha, inclusive já trabalhei em outros restaurantes, no Canadá e no Brasil. Tinha o sonho de abrir um restaurante, mas as coisas foram mudando".
Contudo, de há um ano para cá o sonho foi-se tornando realidade, e o casal começou a procurar um "produto que fosse interessante, mas que também não fosse mais do mesmo". "Estamos a ver vários restaurantes brasileiros abrindo por aí, mas vão sempre trazendo algum conceito parecido. A nossa ideia era trazer um produto inovador aqui para Portugal, e que não fosse alguma coisa, de facto, brasileira", explica Guilherme.
"Fizemos um levantamento de produtos que queríamos trazer, quando nos deparámos nessa questão da batata recheada, porque ela não é só alguma coisa concretizada no Brasil, nós vimos isso em outros países da Europa, por exemplo na Inglaterra, eles chamam de 'jacket potato', e já é também uma coisa muito difundida por lá, também nos Estados Unidos, (...) que fazem a batata recheada com muito sucesso".
18 opções de recheio, uma delas com bacalhau
"A batata em si é um produto muito usado na culinária portuguesa", apesar de "não dessa maneira", reconhece o amante de cozinha. "Para fazer essa batata assada ela tem de ser especial, tem de ter uma massa diferenciada, e vimos que Portugal também produzia esse tipo de batata. Foi uma série de fatores em que nós pensámos 'temos aqui um produto inovador, um produto que Portugal vai ter uma aceitação'".
O casal refletiu ainda sobre o facto de, atualmente, o país acolher muita população estrangeira, e que esta seria "uma ideia boa para crescimento no mercado".
"Já com o produto, pensámos, 'temos o produto, agora vamos criar a ideia e tentar perceber como é que vamos conseguir introduzir isso'. Para esta experiência foram precisos bastantes testes, mas já estamos com o menu criado, e em breve vamos colocar no Instagram", revela o criador da "Poteitos".
O processo de criação do menu, até chegar ao resultado final que será anunciado brevemente, foi algo muito bem planeado, e Guilherme já partilhou com a MAGG alguns detalhes. "Pensámos trazer um pouco do menu das batatas que são famosas no Brasil, depois em coisas de Portugal, com batatas com bacalhau e incluir o peixe, camarão, salmão", e ainda em opções mais alargadas, "com batatas especiais, e aí vêm as famosas com creme de queijo, bacon, cheddar, coisas que sabemos que o paladar gosta, não tem mais a ver com nacionalidade".
"Fomos buscar um bocadinho de cada parte para tentar montar o menu", com um total de 18 recheios diferentes, "e fomos fazendo testes, mesmo em casa, alguns deram certo". Estão ainda a testar opções vegetarianas, que o criador do projeto conta que serão duas.
Mas como serão servidas? Guilherme conta que a batata recheada será servida "à unidade, porque é uma batata relativamente grande". "A batata em si tem em torno de 350 gramas, e com o recheio chega às 600/650 gramas, (...) então a ideia é que a pessoa troque o almoço ou o jantar pela batata, que vai vir muito recheada", garante.
Entre batatas, os típicos grelhados brasileiros não ficam esquecidos
Guilherme Lopes deixa claro que "o conceito da 'Poteitos' vai ser entre batatas e grelhados", não deixando de fora a "carne de vaca, picanha, maminha e frango". "Para além das batatas, vamos servir os grelhados. Vamos ter duas maneiras de trabalhar estes grelhados. O menu almoço, que é mesmo aquele grelhado que tem a ver com o dia a dia, que tem um acompanhamento de arroz, feijão, e uma salada", e para incluir sempre o elemento central nos pratos, o casal pensou ainda numa segunda opção de grelhados, onde apresentarão "numa tábua uma batata recheada com um grelhado".
Nas entradas, mais uma vez as batatas não serão esquecidas, e para esta parte do menu, os criadores tiveram uma ideia "diferenciada". "Uma mini batata cozida, enrolada com bacon", que será servida com "queijo cheddar". Para além disso, vão ainda ter "algumas outras entradas, como pão de alho, tábuas de grelhados e batata frita com molho de queijo por cima".
No que diz respeito às bebidas, devido às restrições do Mercado da Romeira, os empresários afirmam que estão um pouco limitados nas opções, uma vez que o mercado não permite a repetição de produtos já servidos em outras lojas, bares ou restaurantes que também estejam presentes no local, pelo que não podem servir cocktails. Mas destaca que irão ter "três tipos de caipirinha, limão, morango e maracujá", e que "por ser uma casa brasileira" foi-lhes autorizada essa opção, para além de várias cervejas artesanais e sidras.
Quanto às sobremesas, Guilherme destaca "o pudim, que é um doce brasileiro muito famoso". "Vamos servir um brigadeiro de colher, um outro doce que chamamos de 'beijinho', mas vamos especificar que é um doce de coco, e também uma espetada de abacaxi grelhado com creme de chocolate branco e raspas de limão".
E preços? Os criadores garantem que não vão "trabalhar um preço alto". "Fizemos um levantamento de mercado com o público alvo do Mercado da Romeira, e sabemos que o poder aquisitivo ali não é um muito alto, como é o mercado por exemplo de Lisboa". Nesse sentido, os grelhados vão rondar os 10/11€, e as batatas, em torno dos 9€.
"Estamos a ter um retorno no Instagram muito bom"
Guilherme partilha que, inicialmente, a ideia do casal era encontrar um mercado, porque pretendia "entrar num lugar que tivesse um conceito já formado, (...) que já fosse mesmo um centro comercial, para que já tivesse um público ali a quem pudesse mostrar a batata".
"A princípio queríamos apenas um mercado, não era necessário que fosse o Mercado da Romeira". Acabaram por escolher esta opção, da qual já eram clientes regulares, por acharem "que tinha muito a ver, pelo público que vai, pelo conceito". "Diria que o conceito do mercado tem a ver com o conceito da 'Poteitos', é um ponto familiar", refere.
Conseguiram encontrar um lugar no exterior do mercado, tal como pretendiam, no sentido de "criar um conceito de restauração", e a inauguração "está marcada para o dia 14 de abril". Contudo, se no dia 14 não for possível realizar a abertura do espaço, será no dia 21.
Guilherme conta ainda que está com esperanças elevadas, e que até agora, o feedback pelas redes sociais está a ser muito positivo. "Estamos a ter um retorno no Instagram muito bom, e a nossa ideia é mesmo fazer uma expansão assim que for possível. (...) A ideia é adequar o processo no Mercado da Romeira, e depois partir para Lisboa".
Para a inauguração do espaço, vai poder contar com "música ao vivo, além de uma qualidade muito boa na comida". "O que queremos passar é que as pessoas se divirtam comendo bem, que se sintam à vontade, que vão com a família", conclui Guilherme Lopes.