Que o Bairro Alto, em Lisboa, tem muitos recantos, muitos dos quais escondem tascas típicas com comida portuguesa tradicional, não é segredo para ninguém. O que pode ser ainda desconhecido dos frequentadores habituais deste popular bairro lisboeta é o espaço que apareceu no número 28 da Travessa dos Fiéis de Deus (as escadinhas perpendiculares à Rua do Norte) — falamos do Izakaya Tokkuri, um restaurante fiel às raízes japonesas que pretende recriar o ambiente genuíno de uma taberna japonesa.
E falando de autenticidade, o restaurante aposta forte no saké, algo muito tradicional das tabernas japonesas (de seu nome izakayas), dado que a bebida foi o mote para o nascimento deste tipo de espaços. Antigamente, apenas os homens frequentavam estes locais para consumir saké, daí terem surgido vários petiscos para acompanhar a bebida. Em pleno 2018, essa restrição já lá vai e, no Izakaya Tokkuri, homens e mulheres podem deliciar-se com as variedades de saké disponíveis que, a par com as cervejas, são a melhor combinação com os sabores apimentados e salgados que caraterizam os petiscos.
Com uma panóplia bastante diversa, dos mais secos aos frutados, os sakés são servidos nos tokkuri (pequenas garrafas de cerâmica) de 20 cl e os preços podem variar entre os 7€ e os 22€. Se preferir, pode aventurar-se num tasting, com um custo de 15€ por pessoa.
Mas não é apenas de sakés que esta casa se faz — a comida é o verdadeiro chamariz e, se escolher sentar-se ao balcão desta taberna, podemos garantir que vai ficar deliciado com os petiscos e com a criatividade do chef Eder Haruno Santos, natural de São Paulo (Brasil), que passou os últimos 15 anos da sua vida no Japão.
Escrita num quadro de ardósia afixado na parede, a ementa do Izakaya Tokkuri é atualizada com bastante frequência: afinal, o chef é o primeiro a afirmar que gosta de criar novos pratos com os produtos do dia, o que obriga a uma maior rotatividade da carta. Quanto ao seu cunho pessoal, o brasileiro de alma japonesa explica que “o que distingue os izakayas são os molhos, que aqui são todos confecionados na casa". E admite usar muitos coentros, uma erva aromática tão portuguesa.
Apesar das alterações frequentes da carta, há sugestões que são constantes e muito pedidas pelo já fiel grupo de clientes deste espaço, tais como as espetadas (yakitori), gyosas (ravioli de porco ou camarão, tako dashi tamago (omelete com polvo), sunomono (salada fresca de pepino), kimpira (legumes salteados), ceviche (peixe marinado em limão), yakiniky (carne de vaca fatiada), nama harumaki (rolo de folha de arroz com salmão e legumes), kara age (frango frito), age cheese (tempura de queijo), aguedashi tofu (tofu frito), miso chiro (caldo de soja) ou ramen (sopa com noodles, vegetais, ovo, barriga de porco).
Se não quiser seguir a tradição do saké, há outras bebidas disponíveis, tais como cerveja, sangria ou vinho da casa a copo. Neste espaço, do mesmo proprietário da Garrafeira Imperial, também existe uma garrafeira com muitas referências de vinhos nacionais, onde pode comprar vinho para levar. Tal como nos explica uma das responsáveis do espaço, o conceito das tabernas japonesas afasta-se do vinho, sendo a presença da garrafeira vista mais como um extra para que os clientes, e principalmente os turistas estrangeiros, possam levar algo tão tradicional como o vinho português consigo. No entanto, não há nenhum impedimento a que compre a garrafa e a consuma no espaço — mas é-lhe cobrada uma taxa de rolha extra de 35% do valor do vinho.
Aberto de terça-feira a domingo, entre as 17 e as 2 horas, o Izakaya Tokkuri tem 21 lugares ao balcão, três salas privadas para sete pessoas cada, e conta ainda com oito lugares na esplanada. O preço médio da refeição é 20€ (sem bebidas).