Depois de viajarem pelo Mundo, três lusodescendentes naturais de França juntaram-se e abriram, em junho de 2020, o La Bonne Crêpe. Esta creperia ficaria estabelecida em Alvalade. Desde então, serve crepes doces e salgados a quem por lá passa e defende que "crepe is the new nata" (como quem diz que o crepe é o novo pastel de nata).
Com 20 lugares no interior e 10 na esplanada, o objetivo do La Bonne Crêpe é "explicar aos portugueses o que é um crepe", assim como nos revelou um dos co-fundadores, Jason da Fonte. "Notámos que aqui em Portugal não há crepes salgados, ainda menos em take-away", referiu.
Apesar de reconhecer que o mercado dos crepes doces já apresenta alguma oferta, Jason da Fonte considerou que existia uma lacuna quanto aos salgados. Idealmente, uma visita ao La Bonne Crêpe ficaria completa com um crepe salgado seguido de um doce, mas a maior parte das pessoas já não tem apetite para tal, já que o salgado "é mesmo um almoço ou um jantar".
Há seis crepes doces e seis crepes salgados já feitos. "São receitas nossas, não fomos buscar a nenhuma creperia. Tentamos trabalhar sabores conhecidos do fast-food, como o frango, o guacamole, a carne picada e o queijo", aponta Jason da Fonte. Caso prefira, pode optar por criar o seu próprio crepe.
Por norma, os clientes "vão mais para os crepes já feitos", assim como nos elucidou Pedro Cardoso, um dos funcionários do La Bonne Crêpe. A massa dos crepes salgados é caseira, vegana e sem glúten, já que utilizam trigo sarraceno. O mais vendido é o crispy chicken, com frango crocante, guacamole, mozzarella e maionese picante (8,90€), mas o preferido do dono é o que leva raclette, batata cozida, bacon crocante e cebola caramelizada (8,90€).
Provámos o americano, com carne picada, cheddar, bacon, cebola caramelizada, cebola frita e molho barbecue (8,90€) e gostámos bastante. Costumamos escolher crepes doces, mas foi uma surpresa boa — e que nos satisfez mais do que aquilo que esperávamos. Acompanhámos com uma dose deliciosa de batata-doce frita (3€).
Também há uma opção vegetariana — o veggie-burrata, com burrata, guacamole, caju, tomates secos e rúcula (9,90€) — e uma de peixe, com salmão fumado, guacamole, tomates secos e rúcula (9,90€). Por fim, existe o clássico, com emmental, ovo estrelado, fiambre e cogumelos salteados (7,90€).
Quanto aos doces, pode optar pelo caramelo, com caramelo de manteiga salgada caseiro (3,50€), pelo guloso, com banana, manteiga de amendoim e chocolate preto Valrhona (4,50€), pelo caramelizado, com maçã caramelizada caseira, canela e chantilly (4,50€) ou pelo que leva chocolate preto ou branco Valrhona ou Nutella ou Kit Kat por 3,50€.
Também propõem um com chocolate preto, caramelo de manteiga salgada e amendoim (4,50€) e o morango split, com morangos ou framboesa, granola e chocolate preto Valrhona (4,50€), que foi o nosso favorito. É possível adicionar uma bola de gelado a qualquer um deles (uma bola 2€, duas 3,50€ e três 4,50€).
Se quiser montar o seu próprio crepe, saiba que existem dois tamanhos: o regular e o large. "O tamanho da massa é o mesmo, mas muda a quantidade de ingredientes", explicou-nos o responsável. O crepe salgado de tamanho regular custa 8,90€ e leva até quatro ingredientes, já o large custa 10,90€, até seis. O doce regular, até três ingredientes, é 4,50€ e large, até cinco, é 6,50€.
Das proteínas aos molhos e toppings, passando pelos frutos, queijos e legumes, os recheios ficam ao seu critério. Também pode optar pelo menu degustação, um rodízio de crepes salgados e doces em que pode comer até não aguentar mais por 17,90€. Neste caso, "reduzem um bocadinho o tamanho", informou-nos Pedro Cardoso. Para as crianças, há um menu a 5€, que traz um crepe misto com queijo e fiambre e uma bebida.
Por serem feitos com trigos distintos, os crepes doces e salgados são bastante diferentes. Os salgados ficam mais estaladiços e os doces mais macios. A mais recente novidade é o crepe Suzette, que chega à mesa a arder, uma vez que leva conhaque. Custa 4,50€ e vai ficar um mimo nas histórias do seu Instagram.
"Numa fase inicial, provem os já feitos. Numa segunda visita, façam o seu crepe. Vão aventurar-se e eu estou sempre aqui para dar conselhos", aponta o responsável, que tem um mestrado em comércio internacional. Para começar este projeto, tanto ele como os dois sócios (formados em marketing) foram "estudando a restauração e vendo o que funcionava muito em França".
"Lá há crepes em todo o lado. Há quem compare à pizza dos italianos", garantiu à MAGG, devido à abundância deste tipo de panqueca, considerado um "prato ligeiro, mas que traz saciedade". O ambiente é acolhedor e convidativo, com boa música sempre a tocar (e não se esqueça de visitar a casa de banho para uma boa selfie).
O La Bonne Crêpe está presente na Glovo, UberEats e Bolt Food, pelo que pode encomendar os crepes e degustá-los no conforto da sua casa. Chegam numas caixas de papel concebidas de propósito para o take-away, que trazem indicações de como deve aquecer os crepes (15 a 30 segundos no micro-ondas, dois a três minutos no forno a 200ºC).
"A maioria dos consumidores é do sexo feminino", algo que consideram "fascinante e estranho". "Talvez pelo lado leve, sem glúten e fresco dos crepes. No início, vêm entre mulheres e, depois, trazem a família e os parceiros", conta-nos o empreendedor francês, que defende que "quando se entra no La Bonne Crêpe não se entra num restaurante e sim numa família".
E porquê começar em Alvalade e não num local mais turístico? Por ser uma zona "muito residencial". "Quisemos fazer um teste: será que os crepes encaixam na comida de dia a dia do português? E a resposta é 'sim'", assegura Jason da Fonte, que diz estar a "educar o cliente" quanto ao que é um crepe salgado.
O francês admite ter ficado "surpreendido" com a "cultura portuguesa a comer fora". "Porque conseguem, na mesma semana, ir ao mesmo restaurante três ou quatro vezes, quando apreciam", justifica. Por isso mesmo, quis apostar em grande na "cultura do atendimento", para que fosse "bastante familiar e próxima do cliente, super personalizada, para trazer um momento agradável".
Mesmo estando numa zona residencial, o La Bonne Crêpe consegue alcançar um público turista considerável, graças às críticas positivas que têm vindo a acumular nas plataformas, tendo já atingido o 1.º lugar no TripAdvisor, de entre 4500 restaurantes em Lisboa.
Neste momento, estão a ser estudadas algumas alterações à carta, que devem entrar em vigor em setembro (tais como a adição de saladas como acompanhamento). Estão também a desenvolver uma pop-up store com a cadeia francesa Auchan e, no futuro, gostariam de "abrir uma loja mais pequena numa rua com passagem, mais focada nos doces".