Apostar na qualidade dos produtos e do serviço foi sempre o foco de Miguel e do irmão na hora de criar o LODO — a marisqueira que homenageia a ligação que sempre tiveram com o mar e com a Ria Formosa. "Sempre andámos aqui a mariscar quando éramos mais novos com os nossos pais e com a nossa família, e sempre tivemos este sonho".

Miguel Gião, um dos proprietários, confessa que com apenas 10 anos  já roubava o barco ao pai para ir apanhar peixe, aos 14 já tinha tirado a carta de barco e hoje não podia sentir-se mais feliz por continuar a manter as tradições através dos negócios que criou.

O nome da marisqueira não podia ser mais algarvio, uma vez que "estou no lodo" é uma expressão muito utilizada na região para dizer que alguém está atarefado.

Lodo
créditos: lodo_ostraria/Instagram

O LODO abriu há dois anos e é, sem dúvida, um espaço que homenageia da melhor maneira possível as tradições da zona. Situado na Baixa de Faro, este estabelecimento mantém a traça do Algarve, as paredes brancas, a pedra e as madeiras. A decoração foi também pensada ao pormenor pelo arquiteto Gonçalo Vargas, "habituado a fazer trabalhos muito ligados ao mar e às artes marinhas".

Morada: Rua Conselheiro Bívar, Nº53 – 8000-225 Faro
Contacto: 968 623 355
Email: info@ostrarialodo.pt
Horário: De 2ªf a sábado 17h00 - 00h00, ao domingo 12h00 - 00h00

As "merjonas" — utilizadas como candeeireiros — eram uma técnica usada antigamente para  apanhar o peixe e pertenciam à família dos proprietários, contando assim também a história das artes de pesca. Também o balcão, as cadeiras e os sofás têm o tracejado da peça: "Algo que tem que ver connosco e com as nossas raízes", diz Miguel.

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Ostras, gambas da costa, amêijoas, lingueirão e berbigão são alguns dos ex-libris do restaurante no qual 90% do marisco vem da Ria Formosa. Se quiser provar um dos pratos mais típicos, peça o Xerém de Carabineiros (34,71€) para duas pessoas) — as típicas papas de milho algarvias que aqui são confecionadas com muito amor e tradição à mistura. "A pessoa que nos vende o milho para as papas é a mesma que nos vendia há 25 anos. Era com esse milho que a minha mãe fazia o xerém para mim e para o meu irmão quando éramos mais novos", conta Miguel.

As ostras da ria são também a estrela do menu (1,69€ a unidade) e aqui todo o tipo de marisco está presente. Há berbigão "à Algarvia" (8,88€), gambas da costa (12,98€) e muito mais.  Mas para os que não são grande apreciadores de marisco há várias opções de carne, como o Prego do Lombo  (7,96), o Bife "à Portuguesa" (14,21€) ou o Pica Pau do Lombo (12,73) e de peixe como o bacalhau "à lodo" (24,33€). Para os vegetarianos existe ainda a opção dos Noodles de legumes confecionado com os melhores legumes locais. Para acompanhar todos os pratos o ideal é o espumante da casa, uma criação exclusiva ao qual deram o nome de, inevitavelmente, "lodo".

Lodo
créditos: André Pires Santos

Mas este restaurante não aposta apenas na qualidade dos produtos alimentares. "Tentamos ter tudo do bom e do melhor, só trabalhamos com profissionais de excelência. A maneira como empratamos, comunicamos... é tudo pensado ao pormenor. Tem tudo um perfil, uma maneira de estar e de viver.", afirma Miguel Gião. E a fotografia não é exceção. André Santos faz parte do projeto há cerca de um ano e meio e é ele quem mostra ao público — através de fotografias espalhadas que publica no Instagram — grande parte da frescura dos produtos e do carisma do LODO.

No LODO "queremos mostrar a ria, a frescura do marisco, a identidade farense, o cheiro do mar"

"Quando crio uma identidade para uma casa vejo mais ou menos o estilo de cliente que vai à casa, a imagem com que o cliente mais se identifica, o espírito da equipa e tento abordar isso através das fotografias", conta o jovem de 27 anos à MAGG. André Santos é alentejano, licenciou-se em Educação de Comunicação Multimédia e a fotografia foi sempre uma paixão. Há uns anos decidiu trocar as paisagens alentejanas pela costa algarvia.

Depois de vários anos a fazer um trabalho que não o preenchia, confessa que, hoje, acordar todos os dias para fotografar a identidade de marcas com as quais se identifica é das coisas que mais o deixa feliz. No LODO "queremos mostrar a ria, a frescura do marisco, a identidade farense, o cheiro do mar".

André Santos não se limita a fotografar no restaurante. Passar várias hora no lodo, na ria e perto dos trabalhadores é tarefa essencial para conseguir mostrar o lado mais "natural e verdadeiro". Utiliza muito as fotografias a preto e branco, também como sinal de elegância e respeito pelas tradições e história da zona. Aqui, a fotografia surge como um "toque extra que faz a diferença".