O QPicanha nasceu em 2018, quando o primeiro restaurante abriu portas em Telheiras, Lisboa. No ano seguinte chegariam à zona do Bessa, no Porto. A ambição era desmedida e fazia sonhar com pelo menos o quádruplo das localizações, mas entretanto chegou a pandemia da Covid-19.
O abanão fez-se sentir e resultou num funcionamento intermitente e, por isso, instável. Ainda assim, conseguiram dar a volta por cima e continuar a servir. No último mês, consideraram que era a altura de se reinventarem, já que "cada vez abrem mais picanharias", como disse à MAGG o dono, Salim Habib.
Aquilo que outrora foi um restaurante especializado em picanha apostou na versatilidade, aumentando a escolha. A ementa encontra-se mais completa não só para fazer face à concorrência, mas também para que os clientes possam voltar com uma maior frequência, pois encontram variedade.
"Até pode haver igual, mas melhor não há"
Provámos a picanha e percebemos que não seria difícil viverem só desta carne bovina. Aqui, é cortada o mais fina possível e desfaz-se na boca. Pincelada com alho (ou não, consoante a preferência de quem a consome), chega à mesa numa tábua, e não tarda a desaparecer. "Até pode haver igual, mas melhor não há", assegura o dono, sobre a oferta.
A picanha maturada com dois acompanhamentos custa 21€, mas, por 17,95€, pode comer toda a picanha que quiser — e também secretos de porco. Este rodízio vai encher-lhe tanto as medidas como a barriga e, segundo o responsável, duas pessoas já chegaram a consumir o conteúdo de meia dezena de tábuas.
Aberto todos os dias, o QPicanha já tem outras opções: hambúrguer de novilho (11,50€) ou veggie (10,50€) com batata frita, salsicha toscana (2,50€ cada), strogonoff com batata frita e arroz (10,50€), piano (com dois acompanhamentos por 12,95€) e bife de novilho com molho de natas e cogumelos ou com molho de mostrada e dois acompanhamentos por 15,95€.
O entrecôte com dois acompanhamentos (19,95€) é, por experiência própria, bem gostoso e suculento. Mas a grande estrela da casa é mesmo o tomahawk, que, com dois acompanhamentos, tem o valor de 54€. Este bife gigante vem da zona da costela bovina e é a perdição dos carnívoros. "Sai bastante bem", conta-nos Salim.
Se já está a planear uma visita a Telheiras ou ao Porto (Rua François Guichard, 40H, Ramalde), mas não consegue decidir o que provar, saiba que o seu dilema foi facilitado graças à tábua premium. Por 88€, duas, três ou quatro pessoas (dependendo do apetite) podem lambuzar-se com um tomahawk, tiras de picanha maturada e de entrecôte, salsichas toscanas e três acompanhamentos.
Os acompanhamentos disponíveis são feijão preto, salada, batata frita e arroz branco. No começo do repasto chega à mesa uma tábua com azeitonas pretas temperadas, manteiga de alho, croquetes, patê de atum, molho de maionese e alho e pão. As carnes vêm dos Açores ou de Espanha.
"Os olhos também comem" e, por esse motivo, a carta é composta por fotografias A4 de cada um dos pratos. Deixa de ter de procurar nas redes sociais o aspeto da próxima refeição e acabam as desilusões. A melhor parte? Os pratos parece que saltam das folhas para a realidade, de tão idênticos que são.
Pode aceder aos restantes elementos da ementa, como as bebidas e as sobremesas, através de um QR code, que irá redirecionar quem o escaneia para a app Qpiato, onde são feitos os pedidos. "Fomos pioneiros nos pedidos através do telemóvel", garante-nos o dono do QPicanha, sobre esta modalidade que hoje já se encontra noutros restaurantes.
Os clientes que não tenham smartphone ou os que ainda prefiram contacto humano podem sempre contar com a ajuda do prestável staff (composto por dez pessoas) para efetuar o pedido à moda antiga ou pedindo o tablet do restaurante emprestado.
"O ponto máximo que se pode pedir aqui é médio. Senão, a carne vai perder a qualidade"
De acordo com o que Salim Habib contou à MAGG, 99% dos consumidores são portugueses e "de todas as idades e classes sociais". O restaurante de Telheiras tem capacidade para 81 pessoas, embora já tenha albergado quase o dobro. Os menus de grupo ficam por 30€ ou por 38€.
Desde que abriram, apenas tiveram de cobrar o desperdício três vezes. "Sei o que é passar fome em Portugal", justificou o responsável pelo restaurante, natural de Moçambique. Embora exista a hipótese "all you can eat", há que manter um consumo consciente e não ter mais olhos do que barriga.
"Como vai querer a sua carne? Atenção que o ponto máximo que se pode pedir aqui é médio. Senão, a carne vai perder a qualidade", avisou-nos um dos funcionários. A opção "bem passada" não existe, pois acreditam que desvirtua o potencial das peças. As carnes maturadas passam por um cuidado processo antes de chegarem ao prato. "Quanto mais seca, mais tenra", explica-nos o dono.
Já as sobremesas vêm sempre no mesmo ponto: o delicioso. Apesar de não haver imagens das guloseimas, quando chega à hora de terminar a refeição em grande, o staff traz até nós um tabuleiro com cada uma das cinco opções para que possamos comer primeiro com os olhos. Provámos a cremosa baba de camelo e a delícia de chocolate, mas vamos ter de voltar para dar uma oportunidade às mousses de lima e de maracujá ou ao cheesecake, que nos foi muito aconselhado.
O futuro trará muitas inovações ao QPicanha. Desde um teto repleto de flores artificiais a uma câmara de maturação onde estarão expostos os nacos, nem o céu é o limite para Salim Habib — que tem uns quantos truques instagramáveis na manga. A nível de comida, não só existirão ainda mais grelhados como até pizzas. Um serviço de entregas próprio está nos planos. Até lá, o take-away continuará a cargo da UberEats e da Glovo.
O plasma bem posicionado na sala e as cadeiras confortáveis aliados às cervejas e às sangrias que tão bem emparelham com estes pratos deliciosos tornam o QPicanha um local a ter em consideração quando lhe apetecer sair do sofá e assistir ao Mundial de Futebol 2022 fora de casa.