O Bairro Alto, em Lisboa, é uma das zonas da cidade onde mais se consome álcool, devido à vida noturna que o carateriza. Há três meses, abriu um novo espaço, mais requintado, onde servem champanhe acompanhado por nuggets com caviar (e muito mais).

O Sabrage Champagne Bar é obra de um casal que se fartou do tempo nublado de Londres e veio em busca do sol lisboeta. "Somos um bar de champanhe divertido, informal e diferente. O nosso champanhe é mais barato que um gin tónico", afirma o proprietário, Allan Heard, destacando que, além de serem o "único bar de champanhe" da capital, são quem tem "a maior oferta".

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Um dos maiores desafios de Allan e Mary é o de mostrar que o champanhe pode ser acessível. O sul africano e a brasileira vêm tentar democratizar esta bebida com origem na região homónima francesa, não só através dos preços que praticam, mas também pela abordagem.

"O mercado está a começar em Portugal. Neste momento, é mais expressivo em Londres, Nova Iorque e Tóquio", conta-nos Allan, que, neste novo projeto, criou um menu de degustação com três champanhes por 29€ ou 49€ com petiscos.

Na nossa ida, pela primeira vez, a um bar de champanhe, foi-nos servido um Gosset Extra-Brut, um rótulo mais seco, mas que apreciámos bastante. "É fabricado pela garrafeira mais antiga de Champagne, que data dos anos 1500", apresentou-nos Alan, esclarecendo que contém 3 gramas de açúcar por litro (quando o normal é entre 6 a 8).

Experimentámos também o André Clouet, um "yummy champanhe", com notas de brioche e 8 gramas de açúcar por litro, como o descreveu o proprietário, esclarecendo que apenas produzem 1900 garrafas por ano.

Pudemos também provar o Chalres Mignon Premium Reserve, "limpo e fresco", e o Landragin Barbier Brut Rosé, mais forte, com 10 gramas de açúcar por litro, e do qual fabricam apenas três mil garrafas por ano. Este último foi o mais especial de todos. Porquê? Porque fomos nós a abrir a garrafa — e de que maneira.

Pode imaginar a expressão na nossa cara quando Alan se aproximou da mesa com aquilo que, por norma, designamos de "facalhão", mas que era, na verdade, um sabre. Aparentemente, integra toda uma rotina no mundo dos aficionados por champanhe, e nós tivemos a sorte de a conseguir experienciar.

Qualquer pessoa que visite o Sabrage Champagne Bar pode passar pelo mesmo processo — basta adquirir uma garrafa. "Temos uma taxa de sucesso de 98%", segundo o dono, que nos tranquilizou desde logo, ensinando-nos a manusear o sabre e como o faríamos deslizar na garrafa.

E não, não precisa de se preocupar em ferir a vista a alguém, já que as rolhas ficam presas por uma corrente. Basta um movimento suave, mas preciso, para a rolha sair disparada e conseguir impressionar todos os seus amigos. O truque? Conservar a garrafa ao contrário, no frio, para arrefecer o vidro. "Uma garrafa de champanhe tem 49,5 milhões de bolhas, seis vezes mais do que o pneu de um carro. É muita pressão", justifica Alan.

Para tornar ainda mais giro, recebemos a rolha num saquinho de veludo, para a guardarmos para sempre. Este momento é apenas um dos que tornam o Sabrage Champagne Bar um espaço despretensioso, de onde se sai a saber muito mais sobre esta bebida e quiçá até com novos amigos. Associá-la ao snobismo é cometer um erro. A partir de agora, as suas noites no Bairro Alto podem começar de uma forma bem diferente e animada.

Para acompanhar o champanhe (que também surge em cocktails, como o Aperol Spritz, a 16€, o Hugo, a 17€, e o French 75, a 17€), há petiscos como o salmão fumado com alcaparras e pimenta preta, o patê de pato com cebola caramelizada, os morangos com xarope de sabugueiro ou a alcachofra cozida com limão, azeite, sal e pimenta.

Porém, a nosso ver, o destaque vai para os queijos franceses, como o brie trufado com geleia de cereja, açúcar e brioche tostado, e o mimolet, que quase parece uma cenoura, mas sabe muito melhor do que uma. Salgado e denso, diz a lenda que surgiu no século XVII, quando a França e a Holanda andavam desavindas, e o rei francês terá lançado o desafio de criarem um queijo tão bom quanto os que estavam impedidos de comer durante o conflito, conforme nos contou Alan.

E se o sabre nos surpreendeu, os nuggets com crème fraîche e caviar de esturjão branco não ficaram atrás (aprende, McDonald's). Entre combinações inusitadas e histórias interessantes, saímos deste bar muito mais leves e satisfeitos do que alguma vez pensámos.

Antes de se dedicar ao champanhe, Mary era embaixadora do chá da tarde — uma das melhores, segundo Alan, que trabalhou no Kensington Palace e que, por vender 55 mil garrafas de champanhe por ano em Londres, foi convidado a juntar-se à Ordre des Coteaux De Champagne, uma organização internacional fundada em 1656, que promove os vinhos desta região.

"Para entrar, ou bebes muito ou vendes muito", elucidou-nos Alan, que entrou em 2016, depois de ter sido nomeado. "Todos os anos há um evento em Champagne onde apresentam os novos membros", continuou. Além disso, integra a Confrérie du Sabre d'Or, dedicada à arte de abrir garrafas de champanhe com um sabre, e usa orgulhosamente ao peito a sua primeira rolha, que expeliu em 2020.

"As pessoas apegam-se a certos rótulos de champanhe por memória afetiva. Acho fascinante", reconhece. O Sabrage Champagne Bar senta até 24 pessoas e também dinamiza degustações de grupo. Por norma, recebem mais estrangeiros do que portugueses, mas querem mudar isso. E, com esta filosofia, provavelmente conseguirão.

Sabrage Champagne Bar

Localização: Rua da Rosa 127, Bairro Alto, 1200-382 Lisboa, Portugal
Horário: de terça-feira a domingo das 12h30 às 22h; encerra à segunda-feira
Contactos: +351 938 374 575 / sabragechampagnebar@gmail.com / Instagram