Podíamos começar este texto a dizer que abriu mais um restaurante de comida do mundo em Lisboa. De facto abriu, até porque o nome do espaço — Todo Mundo — não deixa margem para grandes devaneios gastronómicos. Mas a verdade é que este restaurante, em primeiro lugar, não é só um restaurante e depois, quando escolhem o nome Todo Mundo, é mesmo porque são de todo o mundo.
Comecemos pelos sócios. São oito, com origens no Brasil, Itália, Angola e Moçambique, qual música dos Da Vinci. E os pratos que servem seguem, como era de se esperar, esta linha de diversidade.
Ao almoço a proposta é mais conservadora, em modo buffet, com a opção de se ficar apenas pela mesa de saladas e sopas (5,90€) ou acrescentar os vários pratos de carne e peixe que mudam todos os dias (nesse caso o buffet passa a 9,80€).
Já ao jantar, a conversa é outra. O melting pot começa logo nas entradas, nas quais cabem opções como pastéis de bacalhau (4,80€), empanadas argentinas (4,80€) ou arepa de queijo com guacamole e pico-de-gallo (3,80€).
Há também pizzas, para quem quer um pequeno desvio até Itália e, na lista de pratos principais, cabem ainda um bem português bacalhau com natas (11,80€) ou um picadinho com pastel de banana, ovo estrelado, arroz e farofa (11,80€), a justificar o sotaque brasileiro de quem explica à MAGG o conceito deste espaço que veio dar vida à Avenida Duque de Loulé.
Kizzy Magalhães tem 39 anos e durante mais de 20 foi jornalista da Globo. Prestes a ter um burnout com o excesso de trabalho e o governo de Bolsonaro, pegou no marido e nos filhos e rumou a Portugal onde, entre festas e jantares, conheceu Maurízio Longobardi, um italiano que fundou casas de espetáculos no Brasil que serviram de primeiro palco a músicos como Mallu Magalhães ou Tulipa Ruiz.
Juntos, e já no tal grupo de oito sócios, abriram o Todo Mundo que para já funciona apenas como restaurante mas que, em poucas semanas, vai ser também um espaço onde há festa todas as noites, com exposições, jazz, teatro, fado, semba e samba. "O nome Todo Mundo não é à toa não", avisa Kizzy, aproveitando para lembrar que está para breve a primeira matiné africana, com música e comida pensadas para a ocasião.
No entretanto, a animação serve-se apenas à mesa, até porque ainda não falamos aqui dos combos, a parte mais apelativa do menu. É aqui que começa a viagem de sabores em forma de pratos combinados com pequenas porções de cada parte do mundo. O combo Axé Bahia leva acarajé, vatapá, caruru, carne de sol acebolada, queijo coalho com geleia de pimenta e mandioca frita — e só estes nomes nos fazem querer saltar da cadeira e sambar —, mas também há o combo Da Mamma, com pão italiano, pizza branca, burrata, tomate concassé temperado, alho assado, presunto de Parma e molho pesto.
Continuamos: o África, que leva bolinho de camarão, salsa de manga, abacate com coentros, rodelas de batata e banana, frango crocante; o Árabe, com húmus, coalhada, falafel, molho tajine, taboulé, shawarma com cebola frita; o América do Sul, feito com ceviche de banana da terra, tiraditos de peixe fresco, arepa de queijo, empanadas de carne e guacamole com pico-de-gallo e, finalmente; e o Luso-basileiro, com pastel de bacalhau, caldinho de feijoada, farofa, croquete de carne desfiada, molho de pimenta, pastéis de camarão e sandes de pernil com queijo. Todos custam 14,90€.
Para já o restaurante fecha entre o almoço e o jantar, mas a ideia é que, em breve, essas pausas entre refeições sejam preenchidas com cafés, lanches e happy hours, para que a festa nunca acabe.