Aberta desde 25 de outubro no Centro Comercial Colombo, a primeira loja Pret a Manger em solo português fica mesmo ao lado de uma das principais rivais, A Padaria Portuguesa.
Situada num dos pátios exteriores do centro comercial de Lisboa, mesmo ao pé da saída do metro, a "cadeia londrina de café orgânico e comida acabada de fazer" apresenta-se (em teoria, pelo menos) como uma alternativa prática e conveniente à praça da restauração, sobretudo para quem estiver com mais pressa e não queira perder muito tempo para fazer uma refeição ou beber um café.
Fundada em 1983, a Pret a Manger tem quase 500 lojas no Reino Unido, e está presente em mais de uma dezena de países, entre os quais Espanha e, agora, Portugal. A aposta em opções mais saudáveis, como sanduíches e saladas, bem como tostas e wraps, é um dos pontos fortes, tal como o café e bebidas como latte, cappuccino, mocha, matcha, além de versões frias e frappés.
Há ainda várias opções de pastelaria, potes com fruta e outras sobremesas, bebidas aromatizadas, smoothies e as célebres batatas fritas Pret, em quatro variedades diferentes, que são uma das estrelas da marca (e que não provámos, mas vamos ter de voltar para o fazer).
A MAGG visitou a Pret a Manger no dia da inauguração e, apesar de não ter conseguido provar a maioria dos produtos, ficou com uma ideia geral do que se pode consumir na loja. E a ideia geral resume-se nesta frase: isto são preços de aeroporto (ou de Londres, onde o custo de vida é estratosférico mas os salários acompanham), não são preços de loja de centro comercial ou de rua em Portugal. Sabemos que estamos em Lisboa, e que os valores são necessariamente mais inflacionados do que no resto do País, mas não conseguimos deixar de ficar perplexos.
Antes de falarmos das questões menos positivas, temos de elogiar o café (e derivados) do Pret a Manger. Provámos o capuccino (2,90€) e, além de enorme (340ml), estava muito bem confecionado. Ao contrário de outras cadeias deste género, a Pret a Manger não tem copos de diferentes tamanhos e a quantidade de bebida varia consoante o pedido.
Entre as bebidas de café, a mais barata é o espresso (1,10€) e a mais cara o flat white (3,20€, 230ml), o que é um bocado incompreensível visto que tem menor quantidade do que o capuccino. Na secção bebidas orgânicas quentes, os preços variam entre os 2,50€ por leite quente e os 4,30€ por um dirty chai latte. Há a opção de a bebida ser feita com bebidas vegetais, xaropes variados e ainda shots extra de café.
Dentro da oferta das bebidas frias que se podem pedir ao balcão, há bebidas com café, leite ou chocolate e gelo, cujos preços variam entre os 2,90€ (latte) e os 4,30€ (dirty chai latte), frappés (5,20€) e smoothies (4,10€). Em média, estamos a falar de quantidades bastante generosas, mas estes valores são, genericamente, exagerados (sobretudo quando, ao lado, a rival A Padaria Portuguesa cobra metade, embora não tenha a mesma variedade de oferta).
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E se nas bebidas quentes e frias feitas na hora há uma certa razoabilidade nos preços, as coisas começam a tornar-se um bocado diferentes quando chegamos às bebidas já feitas, desdes os smoothies (3,50€, 250ml), seltzers (2,70€), que não é mais do que uma água com gás aromatizada, às garrafas de água aromatizada (3,95€).
Falando de comida propriamente dita, com 1€ pode comprar-se uma banana. Não é mau e mais vale comprar uma peça de fruta inteira do que um dos potinhos com fruta cortada, uma vez que meia dúzia de pedacinhos fica por quase 4€ (3,95€). Dos pacotes de batatas fritas (2,95€) ao bread roll de atum e ovo (4,95€ por um pãozinho redondo com atum, ovo, tomate, cebola e alface), passando pela famosa BLT (5,50€), com bacon, tomate e alface, os preços das opções salgadas, sejam quentes ou frias, fizeram-nos equacionar se não tínhamos apanhado a linha de metro errada e saído no aeroporto em vez de na estação Colégio Militar.
Nas opções quentes, os valores sobem ainda mais, com um simples wrap de frango e chile chipotle a custar 7,20€ e uma quiche Lorraine 6,80€. E vamos por aí acima, com uma simples tostas de queijo, fiambre e mostarda a chegar aos 7,60€. Nas saladas, o cenário é igualmente desanimador. E questionamo-nos porque é que o consumidor há-de pagar 8,80€ por uma salada de atum (cuja base só tem alface e cujo tamanho não é propriamente opíparo) quando pode ir ali ao lado e comer uma refeição completa por menos uns euros. Há-de ter alguma lógica, só não estamos a percebê-la.
Se lhe apetecer um docinho no fim, recomendamos sinceramente uma opção da pastelaria. Isto porque 4,95€ por uma smoothie bowl ou 3,10€ por um potinho com iogurte, frutos vermelhos, mel e granola nos parece manifestamente um exagero. Ainda no capítulo doces, ficámos completamente rendidos ao bolo de cenoura. Uma fatia (4,30€) está generosamente carregada de frutos secos, o bolo é húmido, a cobertura é deliciosa, com um extra de crocância dos pistácios. O croissant (1,50€) também nos parece uma boa opção e também ficámos fãs do brownie (2,80€). As cookies a 2,30€ e os muffins a 2,90€ é que... pronto. Não havia necessidade.
Não queremos mesmo parecer haters do Pret a Manger, sobretudo porque as nossas expectativas estavam bastante altas, do conhecimento prévio que tínhamos da marca em cidades como Londres ou Madrid. Os produtos corresponderam à nossa expectativa porque estamos a falar de opções já embaladas, prontas a consumir, e não de pratos ou sanduíches feitas no momento.
Mas não conseguimos honestamente perceber estes preços, que são mais consonantes com os praticados num aeroporto do que num centro comercial. E ainda menos entendemos qual é a mais valia de ir ao Pret a Manger, que não tem nenhum produto diferenciador, se se pode ir a outra marca qualquer, gastar menos e comer o mesmo.
Fizemos as contas e, para fazer uma refeição rápida, é muito difícil gastar menos de 10€. Uma sandes BLT, um pacote de batatas fritas e uma água aromatizada fica no total de 12,20€. Se optarmos por uma salada niçoise, um smoothie e terminarmos com um cheesecake de limão, o preço vai para os 16,25€. E por esse valor é possível fazer uma refeição mais composta na maioria dos espaços de restauração do Colombo.
Louvamos a existência de várias opções vegan, a frescura dos produtos utilizados e também, tal como realçamos inicialmente, a conveniência. Mas a nossa carteira ficou a tremer com a perspectiva de voltar a ir ao Pret a Manger.