Esta semana, habemus dose dupla de produções espanholas. O colégio mais elitista (e mesquinho) de Madrid volta a abrir portas já esta sexta-feira, 8 de abril, com a estreia da quinta temporada de "Elite", mas a Netflix tem mais um trunfo na manga e vai lançá-lo precisamente no mesmo dia.
Falamos de "As Meninas de Vidro" (ou "Dancing on Glass", na versão inglesa), o novo drama psicológico da Netflix, que estreia já a 8 de abril e que vem revelar o que de mais sombrio e cruel existe no mundo da dança.
Associa ballet a um mundo encantado, delicado, repleto de maillots e meias-pontas? É legítimo. Mas esta nova produção de Jota Linares promete arrancar para sempre o rótulo mágico e utópico inerente ao universo da dança profissional.
É que no mundo do ballet "nem tudo é cor de rosa" e a vida de Irene, interpretada por María Pedraza ("Elite", "La Casa de Papel") é prova disso: já que se torna mais negra a cada dia que passa.
Após o suicídio de Maria, a bailarina principal do Ballet Clássico Nacional, em Espanha, Irene assume o seu papel, sob as ordens do coreógrafo e vencedor do Prémio Nacional de Dança, Antonio Ruz. Mesmo com dezenas de bailarinos mais experientes em fila de espera, esta jovem foi escolhida para o papel porque "é a melhor dos melhores".
Informação que os colegas se recusam a aceitar e que espoleta uma luta de egos, que se revela, no mínimo, cruel. Entre choros, gritos e recaídas, quando a pressão de um papel principal se torna insuportável, Irene refugia-se numa amizade com Aurora (Paula Losada), que, apesar de tóxica, a isola do mundo real.
O carinho entre estas duas bailarinas é evidente, mas rapidamente se traduz num amor proibido. Afinal, a premissa para o sucesso, segundo o trailer, é simples: "uma primeira bailarina não tem amigas em palco". "Tens de aprender a estar só. Para isso, tens de ser forte", ouve-se.
"Não sei se sou capaz", remata a protagonista.
"As Meninas de Vidro" é o reflexo dos medos mais sombrios do realizador
Mais do que uma representação crua dos bastidores de uma grande produção de ballet profissional, "As Meninas de Vidro" é o culminar de todos os receios de Jota Linares.
Em declarações à "Fotogramas Linares", citadas pelo "Diez Minutos", Jota Linares admitiu que, antes de dar vida ao seu primeiro filme, "Animales sin Collar" (2018), foi consumido por medos e pressões externas.
Durante anos, duvidou do próprio trabalho, do próprio talento e até do simples facto de merecer as oportunidades que lhe surgiam. Agora, fez com que todos esses anos de angústia culminassem na história de Irene e de todos aqueles que tropeçam no seu caminho.
Segundo o realizador, a escolha da protagonista foi óbvia. Já conhecia María Pedraza de produções anteriores, como "Elite", "Toy Boy" e "La Casa de Papel", e tinha noção do seu talento enquanto atriz. No entanto, admite que o facto de a jovem já ter sido uma "bailarina em formação" foi a cereja no topo do bolo.
María Pedraza foi bailarina durante anos, essencialmente durante a sua infância, mas viu-se obrigada a deixar o mundo da dança depois de uma lesão grave. Agora, foi-lhe dada a hipótese de aliar a sua paixão pela dança ao amor que tem pela representação — e o resultado chega já esta sexta-feira, 8 de abril, à Netflix.
"As Meninas de Vidro" traz-nos a intensidade de "Por Treze Razões" aliada ao universo de "Cisne Negro". A depressão, o fracasso e o suicídio são apenas alguns dos temas que esta produção espanhola traz para cima da mesa, com recurso a um elenco de luxo.
Neste caso, com nomes como Mona Martínez, Marta Hazas e Ana Wagener, a que se juntam novos talentos como Olivia Baglivi, Juanjo Almeida e um elenco de bailarinos profissionais, que se estreia assim no universo da ficção.