Para cada hora de trabalho, há um momento em que o nosso cérebro pede descanso nem que seja à frente de um ecrã a ver conteúdo giro ou surpreendente, que nos faça rir ou chorar. Olhando para os catálogos dos serviços de streaming ou para os cartazes das salas de cinema em Portugal, não há dúvidas: há cada cada vez mais coisas para ver e nem sempre temos disponibilidade para nos dedicarmos de forma imediata a tudo o que vai sendo lançado.

A pensar nisso, todas as sextas-feiras a MAGG traz-lhe uma nova rubrica chamada "Os filmes e séries que vimos esta semana", com o objetivo de lhe dar a conhecer algumas das produções que mais nos entusiasmaram (ou que mais amámos odiar).

E vale tudo: filmes ou séries, das mais antigas às mais recentes, das mais aclamadas às mais achincalhadas. A ideia é que possa fazer a sua seleção com base naqueles que passam o dia a em frente ao ecrã. E que, neste caso, são os jornalistas da MAGG.

Mostramos-lhe as 5 séries e filmes que vimos esta semana.

"Midsommar", Cinemas (Fábio Martins)

O filme estreou-se em julho de 2019 e eu só o vi seis meses depois. É de Ari Aster, o mesmo que realizou e escreveu "Hereditário", e é a prova de que o género de terror está tudo menos aborrecido. Ao contrário dos filmes do género, mas de segunda, os de Ari Aster demoram cerca de uma hora até pôr o pé no acelerador e pregar-nos aqueles sustos que nunca parecem gratuitos ou previsíveis.

Mas antes disso, é dado algum tempo para que a narrativa ganhe corpo e as personagens se vão desenvolvendo. Porque só assim faz sentido que, mais tarde, os desfechos sejam negros e quase sempre trágicos. Em "Midsommar", a história acompanha um grupo de amigos que decide viajar até à Suécia para entender a forma de viver de um culto pagão. Escusado será dizer que a viagem se torna no pior pesadelo das suas vidas.

Mas a verdade é que, e o que me surpreendeu muito, este terror é outro monstro. Não é demasiado duro nem assusta ferozmente, mas mói. E é capaz de agradar até mesmo aos que não são fãs do género.

“The Trials of Gabriel Fernandez”, Netflix (Marta Gonçalves Miranda)

Quando uma das auxiliares médicas que assistiu Gabriel Fernandez começa a descrever o estado em que a criança de 8 anos chegou à urgência do hospital, agarro no comando e carrego no botão da pausa. Não é possível que uma história destas seja real. Não é possível que dois adultos — o padrasto e a própria mãe — tenham sido responsáveis por tamanha atrocidade.

Gabriel Fernandez não morreu apenas acidentalmente, ele foi brutalmente torturado durante meses. Torturado. Com cigarros, com armas, com pontapés, com cordas. “Tudo o que possam imaginar aconteceu a esta criança”, diz em lágrimas a auxiliar médica. Como é que é possível?

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“The Trials of Gabriel Fernandez” chegou à Netflix esta quinta-feira, 27 de fevereiro, e não é fácil de digerir. As atrocidades são de tal forma graves que é impossível assistir à minissérie sem ficar com o estômago revirado de raiva, nojo e incompreensão.

Mas foi este último ponto que me fez querer continuar a ver a série: eu quero de facto compreender, dentro do que seja possível compreender, como é que dois adultos fazem isto a uma criança de 8 anos — e como é que um sistema inteiro falha redondamente ao salvar um miúdo que estava sinalizado como estando em perigo há vários anos.

Não é uma série fácil de assistir, nem tão pouco conseguirá ser vista por todos. Mas vale a pena ver porque Gabriel Fernandez merece que saibamos a sua história. Nem que seja para nos salvaguardar a todos que tudo faremos para que nunca mais se volte a repetir.

“I Am Not Okay With This”, Netflix (Marta Gonçalves Miranda)

Ainda não sei bem onde é que isto vai dar, mas após dois episódios tenho uma certeza: vou ver “I Am Not Okay With This” até ao fim. Mais uma novidade da Netflix que chegou esta quarta-feira, 26 de fevereiro, este original da plataforma de streaming segue o estilo muito próprio de “The End of the F***ing World” — até porque o realizador, Jonathan Entwistle, é o mesmo — e conta a história de uma jovem que perdeu o pai recentemente.

Enquanto tenta lidar com a perda, Syd (Sophia Lillis) vê a melhor amiga a ser engolida pela nova relação com o miúdo mais popular da escola, tenta lidar com a incapacidade de estabelecer uma ligação com a mãe e, ah, muito importante — descobre que tem superpoderes.

Não me julguem: não é uma série perfeita, mas é o drama adolescente que vou querer devorar nos próximos dias.

"Babies", Netflix (Rafaela Simões)

É quase impossível o instinto maternal não se acionar quando começamos a ver esta série documental. E por muito que possa vir a falar (ainda estou nos primeiros episódios) de coisas menos positivas da gravidez, o foco do primeiro é animador: ter um bebé eleva os níveis de oxitocina, a hormona da felicidade. E isso, bem como outros resultados, foram possíveis obter através do acompanhamento de 15 bebés durante um ano.

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Este novo original da Netflix quebra tatus sobre a maternidade e paternidade nas mais diversas formas. Isto porque fala também de casais gays que tiveram um bebé através de uma barriga de aluguer e nem nestes casos a oxitocina é menor.

Não sou mãe, mas sofri em solidariedade com aquelas que, para efeitos de estudo, não puderam interagir com os filhos durante alguns minutos. Ou quando um dos pais gay teve de levar o recém-nascido à vacinação. Ver "Babies" não é só para quem está a pensar ou tem filhos. É para todos nós que também já fomos recém-nascidos.

"Anatomia de Grey", TV (Mariana Leão Costa)

Como já devem ter percebido, sou uma pessoa reticente à mudança. Tenho ali três ou quatro séries de que gosto e que vou vendo em loop infinito – mesmo quando já vi os episódios três ou quatro vezes. Acontece com "Modern Family", com "Castle" e aconteceu-me agora com “Anatomia de Grey”.

Sou daquelas pessoas que se cansou da séria na quinta temporada, mas que numa sessão de zapping diário deu por ela a papar um episódio inteiro. Não me recordo qual a temporada, e muito menos o episódio. Sei que fiquei com uma vontade imensa de recordar a série. Claro que os primeiros protagonistas já não estão lá, mas é exatamente para isso que servem as plataformas de streaming ou o zapping infinito nos canais de cabo.

Se o passado não o convence, talvez o nome Alex Karev possa fazê-lo. A verdade é que o fim da personagem foi há muito anunciado, mas os fãs vão poder ter um vislumbre pela última vez deste médico. De forma a resolver o mistério do desaparecimento de Karev, vai ser transmitido um episódio a explicar as suas motivações. E podem ter a certeza que eu não o vou querer perder.